Programa habitacional do PT não prioriza famílias carentes
Minha casa, minha vida ignora famílias que ganham até três salários mínimos
José Serra, no entanto, vai construir moradias para os mais pobres
Brasília (30) – Contestado por sua baixa execução, o programa Minha Casa, Minha Vida continua com dificuldade em atender a parcela da população que concentra 90% do déficit habitacional de seis milhões de moradias do Brasil – parcela essa formada pelas famílias que recebem até três salários mínimos por mês.
Responsável pela contratação dos imóveis, a Caixa Econômica Federal mostra que, para as famílias com esse perfil, o programa de habitação entregou só 3,5 mil casas até o fim de julho, segundo o Estado de S. Paulo. Para aquelas com renda entre três e dez salários, foram entregues 149 mil unidades. O vice-presidente da instituição, Jorge Hereda, admite que o banco oficial não priorizou, nessa etapa, as famílias mais pobres.
Porém, a Folha de S. Paulo (13.08.10) mostra resultados diferentes da versão oficial. O jornal revela que, em relação às famílias com renda até três salários mínimos, desde o lançamento da ação em abril de 2009 até 30 de junho, só 565 das 240.569 unidades contratadas foram entregues. Desfavoráveis ao Planalto, os dados são omitidos pela Caixa, relata o jornal.
Preocupado com o déficit habitacional, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra (SP), ao participar de reunião com a Associação dos Nordestinos de São Paulo (Anesp), falou da falta de moradia para a população carente. Diferente do que ocorre com o programa federal, Serra vai priorizar a construção de casas para as famílias que recebem até três salários mínimos.
“Como governador (de São Paulo), 90% das cerca de 60 mil casas que entreguei se destinavam a famílias com essa renda, ao contrário do que fez o governo federal, que, das 150 mil casas entregues no programa nacional, destinou 500 a famílias com esse perfil”, comparou Serra.
Outro problema do programa está relacionado à baixa execução. Em recente relatório, a Caixa anunciou que não cumprirá a meta de concluir um milhão de moradias até o fim do ano, como foi prometido inicialmente pelo governo federal. A expectativa, segundo dados oficiais, é entregar 300 mil unidades até o fim do ano, o equivalente a 30% da meta.
Mesmo com os resultados baixos, com alarde, a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, garante que, até o final do ano, o total de moradias chegará a 1 milhão e outros 2 milhões serão construídos caso seja eleita. Para o deputado Fernando Chucre (SP), a proposta tem “cheiro” de promessa eleitoral. “Como a Dilma vai construir o dobro da primeira versão, sem ter concluído nem a metade da primeira? Isso é nova promessa do PT com o objetivo de iludir a população”, critica.