Propina pode ter pago terreno para Instituto Lula, diz MPF
O Ministério Público Federal entregou nesta semana ao juiz Sérgio Moro documentos que podem ligar o dinheiro da Odebrecht à compra de um terreno para o Instituto Lula, em São Paulo. Segundo os procuradores, a empreiteira usou um “setor de operações estruturadas” para recursos não contabilizados – o que na prática, significa repasse de propinas. O secretário-geral do PSDB, deputado federal Sílvio Torres (SP), acredita em uma possível condenação de Lula, e critica a postura do ex-presidente diante do poder Judiciário
“O Ministério Público e o Judiciário têm bastante documentos que confirmam essa irregularidade, esses crimes. O que choca é que mesmo numa situação dessa de réu com provas contundentes, o Lula ainda sai pelo Brasil atacando o Judiciário e querendo transformar o juiz Sérgio Moro e os procuradores em algozes políticos dele. É uma forma que ele encontrou de driblar a opinião pública. E, infelizmente, ainda tem quem acredite”, apontou.
O dinheiro para a compra do lote seria proveniente de propinas por contratos do grupo com a Petrobras. De acordo com os procuradores, foram levantados 1,7 milhão de arquivos como e-mails, planilhas e comprovantes de pagamento. Lula deve ser interrogado pelo juiz Sérgio Moro no dia 13 de setembro, em Curitiba. O deputado Sílvio Torres ainda rejeitou a ideia do petista como candidato à presidência da República em 2018. Para o tucano, o ex-presidente amarga na impopularidade.
“Eu tenho dúvidas se ele [Lula] vai ser candidato. Dúvidas sérias. Não só porque vai ser impedido legalmente, caso tenha a condenação. Hoje ele tem uma popularidade em pesquisas que significa muito mais um recall do que uma aceitação como candidato. Acho que vai ser uma grande decepção para ele, para o PT, se ele for candidato. Nem de longe ele tem chances de ganhar essa eleição”, destacou.
Lula já foi condenado a 9 anos de prisão no processo em que era acusado de receber propinas da OAS através da compra e reforma de um tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo. Essa foi a primeira vez que o Brasil teve um ex-presidente condenado por corrupção. Ele ainda é réu em outras quatro ações penais – todas ligadas à Lava Jato.