PSDB reafirma compromisso com a democracia com forte crítica ao golpe de 64

Notícias - 28/03/2019
Foto: Arquivo/AE

Tucanos consideraram indevida e criticaram fortemente a possibilidade de unidades militares comemorarem o golpe de 64, conforme determinado pelo presidente Jair Bolsonaro. Em nota, o presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, reiterou o mais absoluto compromisso do partido com a democracia e afirmou que a história brasileira não pode ser reescrita por governantes de plantão.

“Tampouco se pode apagar a triste memória de tempos sombrios, que deixaram como saldo centenas de mortos ou desaparecidos e permitiram que mais de mil presos políticos fossem submetidos à tortura”, afirmou, citando relatório divulgado pela Comissão Nacional da Verdade em 2014.

“Em respeito a todas essas vítimas do arbítrio e àqueles que lutaram pela redemocratização do país, o PSDB seguirá vigilante e de prontidão para denunciar qualquer flerte com regimes ditatoriais, sejam eles de esquerda ou direita”, concluiu.

Único integrante da atual legislatura que foi perseguido durante a ditadura militar, o senador José Serra (SP) recomendou em Plenário que o governo se contenha na “exaltação de uma das piores coisas que já aconteceu no Brasil”. Serra foi exilado pelo regime militar brasileiro por 14 anos.

“Fui inclusive condenado de maneira arbitrária, sem processo legal, à prisão, por discursos que tinha feito em 1963, antes do golpe” afirmou o senador, que era líder estudantil quando os militares tomaram o poder.

Liberdades suprimidas

Serra ressaltou que a quebra na institucionalidade em 1964 resultou de uma série de fatores, como a retração na atividade econômica, o descontrole da inflação e a divisão entre os militares quanto ao apoio ao então presidente João Goulart. Destacou ainda o recrudescimento do regime, entre 1969 e 1973, com a edição do Ato Institucional nº 5, quando todas as liberdades democráticas foram radicalmente suprimidas.

“Me impressiona que levianamente venham homens públicos se referirem a 1964 de maneira ligeira ou até irresponsável. É preciso, sim, que nós nos debrucemos na análise da história, não para utilizá-la com finalidades espúrias, mas para aprender com ela, para extrair lições”, afirmou o senador

O coordenador-geral do Instituto Teotônio Vilela (ITV), Betinho Gomes, lembrou que o PSDB foi formado por líderes que lutaram pela liberdade e contra o regime militar que se instituiu no Brasil a partir do golpe de 64. “A partir da compreensão de que, sem liberdade, sem democracia, não seria possível avançar em outras áreas de governo, é que o PSDB surge”, disse.

“Nesse momento em que, de maneira equivocada, o presidente da república orienta a comemoração do golpe de 64, é preciso relembrar e reafirmar a história, mostrar que foi o regime militar, grave, que tirou vidas, que silenciou vozes, que perseguiu imprensa e que colocou o Brasil em situação de vexame”, reforçou Betinho.

O coordenador do ITV afirmou ainda que não se pode coadunar com qualquer tipo de ditadura, seja ela de esquerda ou de direita.

Leia abaixo a íntegra da nota:

O PSDB e seu compromisso com a democracia

Diante desta decisão, cabe ao PSDB reiterar publicamente seu mais absoluto compromisso com democracia. Consideramos tal comemoração indevida.

A história brasileira não pode ser reescrita por governantes de plantão. Tampouco se pode apagar a triste memória de tempos sombrios, que deixaram como saldo centenas de mortos ou desaparecidos, de acordo com relatório divulgado pela Comissão Nacional da Verdade divulgado em 2014, e permitiram que mais de mil presos políticos fossem submetidos à tortura.

Em respeito a todas essas vítimas do arbítrio e àqueles que lutaram pela redemocratização do país, o PSDB seguirá vigilante e de prontidão para denunciar qualquer flerte com regimes ditatoriais, sejam eles de esquerda ou direita.

Geraldo Alckmin

Presidente nacional do PSDB

 

Reportagem Isabela Tavares, com informações da Agência Senado

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28/03/2019