PT indicou dirigentes de fundos de pensão da Petrobras e do Banco do Brasil
Companhia foi pressionada nos últimos anos para que a diretoria do Petros fosse escolhida pelos empregados, em votação interna
Brasília (DF) – Após o rombo de quase R$ 50 bilhões nos quatro maiores fundos de pensão de estatais do país descoberto na segunda-feira (5) pela Operação Greenfield, novas evidências sobre o aparelhamento imposto pelo PT não param de crescer. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, esteve, entre 2012 e 2014, sob o comando direto de sindicalistas ligados partido. No período, foram tomadas decisões de investimento consideradas de alto risco e de retorno financeiro duvidoso. Fontes do Conselho Deliberativo afirmam que a companhia foi pressionada nos últimos anos para que a diretoria do Petros fosse escolhida pelos empregados, em votação interna.
De acordo com a reportagem, o objetivo da tentativa seria despolitizar a instituição. A proposta chegou a ser levada ao Conselho de Administração da estatal, mas nunca avançou por esbarrar na resistência de líderes petistas ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Hoje, o fundo é comandado por Walter Mendes Júnior, indicado pelo atual presidente da estatal, Pedro Parente.
O deputado federal Nilson Pinto (PSDB-PA) ressaltou a atuação do PSDB no combate à má gestão e à corrupção nos fundos de pensão das estatais. Para o tucano, a situação é um resultado do aparelhamento do Estado feito pelo PT durante os 13 anos em que esteve à frente do poder no país.
“Nós, do PSDB, já estamos denunciando isso há vários anos e agora está vindo à tona com absoluta clareza. O governo do PT promoveu um aparelhamento criminoso no Estado com vistas à manutenção do partido no poder. Foi o maior aparelhamento de um partido em todos os setores do governo na nossa História. O objetivo era montar uma rede de corrupção em todas as estatais, ministérios, órgãos da administração federal. O PT funcionou como uma organização mafiosa de enorme periculosidade, se envolveu em todas as instâncias do governo e em todas elas contaminou a administração com sua sanha arrecadatória, criminosa para se manter no poder”, salientou o parlamentar.
A Previ, fundo dos funcionários do Banco do Brasil, teve nos últimos anos em seu comando quatro presidentes – entre eles, Sérgio Rosa, ex-sindicalista e diretamente ligado ao PT. Rosa presidiu o maior fundo de pensão do país por dois mandatos, desde o início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, até 2010. Segundo o jornal, ele não conseguiu fazer seu sucessor na Previ.
Déficit
Segundo dados da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), o déficit acumulado de todo o sistema de fundos de pensão encerrou 2015 em R$ 77,84 bilhões, um aumento de 151,17% em relação aos R$ 30,99 bilhões de 2014. O resultado representa o déficit atuarial, ou seja, quanto seria o rombo dos fundos caso tivessem de pagar hoje todos os benefícios, atuais e futuros, a seus participantes.
Os quatro principais fundos de pensão – Funcef (da Caixa Econômica Federal), Petros, Previ e Postalis (dos Correios) – respondem por 68% do déficit do sistema, ou R$ 53,1 bilhões. No fim de 2015, a Petros tinha um déficit acumulado de R$ 23,1 bilhões. Só no ano passado, a perda do plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP, principal plano da estatal) foi de R$ 16,1 bilhões.
De acordo com reportagem do jornal O Globo desta terça (6), a Funcef fechou 2015 com déficit acumulado de R$ 12,4 bilhões. Desse total, R$ 8 bilhões foram acumulados apenas no ano passado. A Previ, por sua vez, apresentou déficit acumulado de R$ 16,1 bilhões em 2015. No ano anterior, no entanto, houve superávit de R$ 12,5 bilhões.
Já no Postalis, o déficit acumulado era de R$ 1,5 bilhão em 2015. Nos últimos anos, o fundo teve de equacionar dois déficits, que patrocinadora e assistidos vêm financiando juntos. Em 2011 e 2012, o déficit foi de R$ 985 milhões, para o qual os participantes têm contribuído desde 2013.