PT tolera desvios de Maduro, diz Aloysio

Brasília (DF) – Sob o regime ditatorial do presidente Nicolás Maduro, a Venezuela se encontra hoje à beira de uma guerra civil. Nos últimos quatro meses, o governo chavista já matou mais de 100 pessoas e prendeu cinco mil venezuelanos em manifestações populares contra Maduro. Diante dessa grave crise política, o Mercosul decidiu suspender na última terça-feira (9) o país do bloco. Em entrevista à revista Istoé desta sexta (11), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), comentou a gravidade do cenário político do país e criticou o apoio do PT à ditadura venezuelana.
Na última reunião do Mercosul, os países do continente reafirmaram que “é inadmissível a existência de uma ditadura na Venezuela”. Na avaliação do chanceler brasileiro, a postura do PT “causa ojeriza a todos os que prezam a democracia”.
“O governo do PT tolerou desvios autoritários do governo Maduro que levaram ao rompimento da ordem democrática estabelecida na própria Constituição bolivariana. Os petistas não diferenciam o chavismo – corrente política que se explica dentro da história da Venezuela – da escalada ditatorial de Maduro. O PT continua seguindo essa linha de apoio explícito ao governo venezuelano de maneira quase cega: basta o Maduro chamar que o PT vai lá lamber a mão dele”, afirmou.
O ministro destacou que a preocupação com o agravamento da crise na Venezuela é uma constante e tem atenção prioritária dos países da região. Segundo ele, o Mercosul condena o governo venezuelano, entre outros motivos, por não permitir a entrada de alimentos e medicamentos em apoio ao povo do país.
“Decidimos também proibir o comércio de armamentos e material de segurança usado na repressão, como gás lacrimogêneo, e não reconhecer a legalidade de qualquer decisão dessa constituinte ilegítima que o governo Maduro inventou para usurpar os poderes da Assembleia Nacional”, disse.
Sobre o risco de uma possível guerra civil no país, o ministro ressaltou que a situação na Venezuela vem se agravando “a passos largos” e causa “repulsa” o custo do autoritarismo em vidas humanas do governo Maduro.
“Assistimos com indignação como vem crescendo não só o número de mortos e feridos nas manifestações, mas também a quantidade de presos políticos. A isso, podemos acrescentar ainda a degradação do quadro social. Pesquisas de universidades venezuelanas apontam que mais de 80% da população da Venezuela vive hoje abaixo do nível de pobreza. O Brasil acompanha com muita atenção os desdobramentos dessa crise e continuará atuando para contribuir para a restauração da democracia na Venezuela por meio de uma solução pacífica”, afirmou.
Na entrevista, o chanceler falou ainda que, para a ordem democrática ser restabelecida no país, as autoridades venezuelanas precisam, antes de mais nada, aceitar negociar com a oposição uma transição pacífica rumo ao restabelecimento da ordem democrática.
“Isso passa, no entender da oposição, pelo cancelamento da constituinte, pelo reconhecimento das prerrogativas da Assembleia Nacional, pela liberação de todos os presos políticos e pela definição do calendário eleitoral”, apontou.
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