Quando é Melhor Calar

Notícias - 02/08/2001

De vez em quando, Luiz Inácio Lula da Silva, o líder do PT, faz um descomunal esforço para justificar o injustificável preconceito que existe contra ele em setores do establishment e do público. No caso da visita do primeiro-ministro britânico Tony Blair ao Brasil, Lula superou-se na demonstração ou de má-fé ou da mais profunda desinformação ou de ambas de uma vez.

Por partes:
1 – Lula diz que é “blefe“ a posição de Blair em favor de uma reforma no protecionismo agrícola europeu.Não é.
É apenas a reiteração de posição clássica do Reino Unido. Se o protecionismo agrícola sobrevive não é porque Blair está blefando, mas porque outros países resistem à idéia de derrubá-lo.
E o país que mais resiste é exatamente a França, governada hoje por Lionel Jospin, o aliado preferencial de Lula e do PT entre os mandatários europeus.
Aliás, Lula tem um encontro agendado com Jospin, em princípio para 8 de outubro. Terá a coragem de, na saída, dizer que a defesa que Jospin faz do protecionismo agrícola prejudica os agricultores brasileiros?

2 – Lula disse também que Blair veio dar uma mãozinha a Fernando Henrique para ajudá-lo a melhorar sua popularidade.
Parece coisa de criança birrenta, com ciúme do amigo do adversário. Os brasileiros que sabem quem é Tony Blair sabem também que ele e FHC fazem parte do mesmo clube de idéias. Logo não dá pontos.
Se o presidente depende de Blair para subir nas pesquisas, corre o risco de morrer na mais completa e desoladora solidão.
É apenas uma “photo opportunity“, como a que, na campanha de 1994, por exemplo, Lula obteve na África do Sul, ao lado de Nelson Mandela, o último estadista do século passado.

Ganhou a foto e perdeu a eleição assim mesmo.

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02/08/2001