Redução de casos de aids em 2001 chegou a 25%
Preocupação do governo é com os homossexuais, cujos números são praticamente estáveis
Os casos de aids tiveram redução de 25%, no ano passado, em relação a 2000, segundo estimativa do coordenador do programa de aids do Ministério da Saúde, Paulo Teixeira. É o que indica novo Boletim Epidemiológico, divulgado ontem, com dados até setembro. Nos nove primeiros meses de 2001, foram registrados 7.363 novos casos.
Apesar de faltarem três meses para o fechamento do ano, o resultado final seguramente será inferior aos 17.506 casos de 2000, podendo até superar a estimativa de Teixeira. Ele atribiu o resultado às campanhas de prevenção e programas de redução de riscos, iniciados há 10 anos.
Na maior parte desse período, a trajetória foi de crescimento da epidemia.
Em 1991, foram registrados 11.674 casos. Nos anos seguintes, cresceu o número de pessoas contaminadas à medida que se aprimorava o sistema de notificação e também se agravava a contaminação. A explosão de casos ocorreu em 1998 (24.817 casos), mas depois começou uma tendência de queda, com 21.131 casos em 1999 e, no ano passado, 17.506.
Droga – O boletim mostra também queda dos casos de transmissão por uso de droga injetável em homens: em 2000, eles respondiam por 19% do total de casos, índice que caiu para 14% entre janeiro e setembro de 2001.
A diferença de cinco pontos porcentuais ocorreu mesmo com a mudança da classificação das causas de transmissão. Se há suspeita de o paciente ter contraído a doença por meio do sexo e droga injetável , ele é classificado no grupo de usuários de drogas. “O uso de drogas é a transmissão predominante“, justifica Teixeira, que analisa a redução dos casos como um reflexo das políticas de redução de risco, como a distribuição de seringas descartáveis.
Entre os homossexuais, a transmissão permanece praticamente estável já que a queda registrada nos nove primeiros meses do ano passado foi de 1%. O governo estima que existam no País 1,1 milhão de homossexuais contaminados pelo vírus e decidiu, pela primeira vez, realizar uma campanha específica para este público, a partir de junho. A campanha incentivará a auto-estima do homossexual e sua aceitação pela família.
“Respeitar as diferenças é tão importante quanto usar preservativo“ é o lema. A campanha tentará frear o “leve crescimento“ do HIV entre os gays mais jovens. Na avalição de Teixeira, eles estariam relaxando a prevenção diante das opções de tratamento.
Em compensação, continua aumentando a contaminação por contato heterossexual, principalmente entre mulheres. Entre elas, esse tipo de contaminação já responde por 80% dos casos, e entre os homens, 40%. “É difícil a adoção de medidas de prevenção na população feminina, hoje o grupo mais vulnerável“, lamentou Teixeira. A aids cresce entre mulheres entre 25 e 49 anos, casadas, fiéis e com baixo poder aquisitivo. Segundo Teixeira, a mulher não considera a vida sexual “perversa“ do parceiro antes do casamento e as relações extraconjugais.