Reforma do ensino médio vem resgatar “abandono” da educação durante os governos do PT, avaliam tucanos

Sob o lema “Brasil, Pátria educadora”, o segundo mandato do governo da ex-presidente Dilma Rousseff foi marcado pela promessa de que a educação seria a “prioridade das prioridades”. No entanto, as medidas adotadas por ela e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na área educacional mostraram que o setor não foi prioritário para o PT ao longo de 13 anos de governo. Redução no orçamento, mudanças de gestão, corte de programas importantes, pagamentos atrasados e paralisação nas universidades federais marcaram as últimas gestões petistas.
Com o objetivo de resgatar a boa qualidade da educação brasileira, o governo federal sancionou na semana passada a reforma do ensino médio. Com as mudanças, as disciplinas serão segmentadas de acordo com áreas do conhecimento, com a articulação junto à educação profissional e com a implementação gradual do ensino integral com apoio financeiro do governo federal. Durante a tramitação no Congresso, diversos tucanos apresentaram contribuições à proposta.
Na avaliação do ex-governador de São Paulo e vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman, a iniciativa é “absolutamente necessária, correta, corajosa” e vem no momento adequado para melhorar a péssima performance do ensino brasileiro que, segundo ele, não obteve nenhum avanço nos últimos anos.
“Durante décadas eles criticaram os outros governos de não darem importância às reformas que esse ensino necessitava, mas quando estiveram no governo, não fizeram absolutamente nada na área. A primeira grande reforma é essa que está sendo feita agora, que já está com um atraso de no mínimo 10 anos. A história da humanidade vai avançando e eles ficaram bloqueados nos seus interesses corporativos”, lamentou.
O deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF), que presidiu a comissão mista da reforma do ensino médio no Congresso, também destacou a importância da reforma do ensino. Segundo o parlamentar, é “fundamental” que o país avance nesse sentido depois do retrocesso implantado por Dilma e Lula. “A reforma ficou 10 anos na Câmara sendo discutida e não saiu do papel. Mesmo com esse debate todo, o PT contestou e criou dificuldade. Eles não tiveram vontade política de fazer. Não houve uma preocupação com política de Estado, só interessava a eles ganhar a eleição”, reforçou.
Contingenciamento
O governo Dilma, antes de suspender o orçamento no âmbito do ajuste fiscal, promoveu cortes que atingiram programas da área educacional como o Financiamento Estudantil (Fies) e o Pronatec, as duas principais bandeiras da ex-presidente na educação durante as eleições de 2014. O governo da petista restringiu o acesso ao Fies e chegou a adiar pagamentos a empresas educacionais. Em 2015, foram 313 mil contratos, 57% a menos do que o registrado no ano anterior.
Para o deputado Izalci, as gestões do PT abandonaram a educação brasileira e focaram numa “política eleitoreira” em vez de se preocuparem verdadeiramente com o país.
“Foi uma década perdida. A educação parou no tempo. Tivemos 13 anos de retrocesso. Eles sempre adotaram essa política de ter o voto de cabresto. Usaram os programas e os projetos de forma a arrecadar votos, sem se preocupar com o conteúdo, como é o caso do Fies e do Prouni, que foram utilizados de forma eleitoreira, sem uma política pública de educação. Eles investiam de qualquer jeito. Faltou uma preocupação com o país”, afirmou.
Segundo Goldman, o PT não apresentou os critérios básicos de gestão que deveriam nortear uma reforma educacional mais profunda. “Foi uma das áreas mais abandonadas e atabalhoadas. Como sempre, eles utilizavam um discurso pretensamente a favor das categorias profissionais mas em questão de reforma mesmo não fizeram nada”, apontou.
Durante os últimos 14 anos, outras iniciativas sofreram com a escassez de recursos, como o Mais Educação, voltado a escolas de tempo integral, e o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que transfere verbas diretamente para as unidades. Bolsas de programas de iniciação à docência e de alfabetização também atrasaram.
Governo irresponsável
O corte na verba de custeio também provocou reflexos nas universidades federais, que agonizaram com problemas de caixa. Em 2015, ainda sob o governo Dilma, o MEC ainda teve de lidar com uma greve de cinco meses de duração dos professores universitários federais.
Goldman classificou a gestão do PT como “irresponsável” e destacou outros desmandos promovidos pelo partido nos últimos anos. “O governo petista focou muito fortemente na criação de faculdades em vários municípios do país de forma absolutamente irresponsável. Eram faculdades sem estrutura, sem capacidade do corpo docente, sem nenhuma preparação, de baixíssimo nível de qualidade. Foi alertado a eles diversas vezes que estavam caminhando por um caminho errôneo. No ensino básico, de 1º e 2º grau, também não fizeram absolutamente nada. Isso tudo nos levou a essa situação”, ressaltou.