Ressaltando necessidade de união, Rodrigo Cunha lamenta violência no pleito político
A contagem das eleições de 2018 não foi apenas de votos, mas também de vítimas. Com um pleito totalmente polarizado, as discussões foram muito além de projetos e ideais entre candidatos. Extrapolando limites, diversos casos de violência marcaram o pleito eleitoral e o transformaram no mais violento da história da democracia brasileira. A rivalidade entre os dois lados causou mortes, lesões e ameaças, além de ataques contra membros da imprensa e políticos.
A afirmação é comprovada por ONGs que realizaram levantamentos de ocorrências ligadas às eleições. Segundo o site Vítimas da Intolerância, dos grupos Open Knowlegde Brasil, Brasil.IO e Agência Pública de Jornalismo, foram quase 60 ocorrências, incluindo 36 homicídios e agressões. Já o Violência Política, dos portais Opera Mundi, Outras Palavras e De Olho nos Ruralistas, contabilizou 133 agressões por motivos políticos, com oito mortes e 42 lesões corporais.
O número total de agressões cometidas por motivação eleitoral provavelmente é ainda maior, já que podem exister casos não registrados. Os problemas incluem ainda ações de vandalismo político, como vários relatos de símbolos suásticas pintados em prédios e em locais públicos. Houveram, inclusive, relatos fora do Brasil, como em Lisboa, local de uma onda de protestos de brasileiros. Filósofos e analistas de segurança compararam a situação vivida no país com o drama enfrentado por cidadãos da Venezuela.
Embora tenham existido ações violentas em ambos os lados da polarização política, a maioria dos casos envolveu ataques de apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) contra gays, mulheres e pessoas vestindo símbolos da esquerda. Entretanto, diversas pessoas que se manifestaram a favor do candidato vitorioso também sofreram retaliações. O episódio mais emblemático foi o assassinato a facadas do mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, o Moa do Katendê, em Salvador.
Eleito senador pelo estado de Alagoas no pleito deste ano, o deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB-AL) conhece bem os estragos causados pela violência política na vida de uma família. Em 1998, quando parlamentar tinha 17 anos, seus pais, a deputada federal Ceci Cunha e Juvenal Cunha, e mais dois familiares foram brutalmente assassinados após a diplomação do segundo mandato da matriarca como deputada federal. O episódio teve motivações políticas e ficou conhecido como “Chacina da Gruta”.
Rodrigo lamentou a desencadeação dos incontáveis casos de violência por motivação política. “Os eleitores estavam em busca de fazer o seu candidato ser vencedor, mas, principalmente, que o outro lado saísse perdedor. Foi o momento onde o Brasil inteiro se dividiu, inclusive dentro de casa, onde houveram divisões com as pessoas discutindo entre si. A violência chegou ao extremo quando houve um caso contra um candidato. Isso foi o ápice de um fanatismo partidário”, advertiu.
A desmedida militância através das redes sociais também foi criticada pelo político alagoano. “Elas colocam as pessoas em bolhas e assim se ganha uma auto afirmação a partir do momento onde falam para seu próprio público. Quando é contra alguém diferente disso acaba tendo essa rivalidade”, frisou. “Discutimos se o Brasil deveria ir para a esquerda ou direita quando deveríamos pensar em ir para a frente. Perdemos uma boa oportunidade de se discutir o país”, continuou.
O novo membro do Senado Federal destacou ainda a prejudicialidade dos discursos inflamados dos candidatos que avançaram ao segundo turno presidencial. “A função de um líder é justamente apaziguar e não incitar qualquer tipo de ânimos acirrados. Dificilmente alguém consegue governar com extremidades e deve buscar o centro. Em Brasília não se pode ser diferente. Precisamos buscar um meio termo, com o bom senso prevalecendo sobre todos os aspectos e não deve se permitir excessos nem retrocessos”, pediu.
Necessidade de esforços pela união do país
Passado o período eleitoral, Rodrigo Cunha destacou a necessidade dos novos governantes buscarem unidade para somar forças em busca da unificação do país. O parlamentar destacou o desejo de encarar a missão como um desafio pessoal, buscando fazer a população entender que a política não termina após a contribuição no processo democrático nas urnas.
“A política se dá no dia-a-dia. É preciso acompanhar seus candidatos e as redes sociais servem para isso. Não podemos ser inflamados por discursos momentâneos e sim por ideais. Espero contribuir no Senado para discutirmos o país. Minha forma de ser é essa, aproximar a população da política e fazer com discussões sejam legítimas e tenham a participação popular”, garantiu.
Com isso, para Rodrigo, fica a esperança de um novo momento para o Brasil. O parlamentar destacou o desejo de mudança manifestado pela população nas urnas e isso deve ser levado em consideração. “Vamos torcer para dar certo. A palavra do momento foi mudança e esperamos que aconteça. Que possamos não querer apenas um lado melhor, e sim um país seja melhor”, concluiu.
Reportagem Danilo Queiroz