Rodovias brasileiras estão em estado cada vez mais crítico

Notícias - 03/09/2018

O Brasil está recheado de diversas obras rodoviárias que começam, engolem milhões de reais em investimentos públicos e não são concluídas, deixando a população a mercê dos perigos de transitar em vias com péssimas condições de conservação. As situações mais críticas estão em estados das regiões Norte e Nordeste do país. Pará, Ceará e Piauí figuram como as unidades da federação com problemas maiores nas estradas que cortam suas extensões.

Segundo dados da Pesquisa de Rodovias da Confederação Nacional do Transporte (CNT) de 2017, o Brasil possui 1.735.621 km de rodovias, das quais 1.365.426 km, ou 78,7% do total, não estão pavimentadas. Dados parciais da 22ª edição do relatório, com previsão de conclusão para este ano, mostram um panorama ainda pior, com aumento do número de pontos críticos em todo o país. Ainda de acordo com o órgão, atualmente existem 23 obras de estradas com previsão de término em 2018. Porém, nenhuma está concluída.

Umas delas em um dos trechos da BR-163, uma das mais importantes rodovias do país. Ligando a cidade de Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, a Santarém, no Pará, a via tem ao todo 3.470 km de extensão. A obra na estrada está parada e não tem previsão de retomada. O descaso nas intervenções faz com que a estrutura já existente vá se deteriorando com o passar do tempo e com a falta de manutenção por parte dos órgãos públicos e dos governantes.

Em agosto, o candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, esteve em Santarém-PA e falou sobre o problema de infraestrutura rodoviária enfrentado no país. Para o tucano, os últimos governos federais agiram com descaso, agravando as consequências da falta de manutenção das estradas. “É inconcebível. Se nós tivemos dificuldade de passar agora na seca, imagine na chuva como fica a BR-163 e também a BR-230?”, indagou.

Conhecida como Rodovia Transamazônica, a BR-230 é a terceira maior estrada do Brasil e enfrenta problemas tão grandes quanto sua extensão. A via liga a cidade de Cabedelo, na Paraíba, à Lábrea, no Amazonas. Ao todo, sete estados brasileiros são cortados: Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Amazonas. Assim como a BR-163, boa parte dos 4.223 km de extensão da rodovia estão em péssimas condições e não tem pavimentação asfáltica.

Ciente da gravidade do problema, o presidente nacional do PSDB firmou o compromisso de, caso eleito, asfaltar toda a extensão da Transamazônica e levar melhor condição de locomoção aos usuários da estrada. “É nosso compromisso com o Pará. Uma rodovia importantíssima para todo o oeste do estado e para todo o Brasil”, destacou.

Alckmin comentou ainda outras medidas a serem adotadas para mudar o caótico panorama visto atualmente e levar mais dignidade às pessoas que dessas e de outras rodovias brasileiras para as mais diversas atividades. “Nós vamos investir muito na infraestrutura, hidrovias, portos, aeroportos e saneamento. Isso gera muito emprego, mão de obra intensiva. Então, eu assumi aqui o compromisso com a BR-163 e a BR-230″, garantiu o candidato à presidência.

Os investimentos na área são um dos caminhos para a retomada de crescimento no Brasil. A falta de aplicação de verba pública no setor colocam o país em desvantagem em relação aos vizinhos sul-americanos e influenciam a posição em importantes rankings de desenvolvimento, como a lista competitividade global elaborada Fórum Econômico Mundial.

No quesito qualidade da infraestrutura rodoviária, o Brasil se encontra na 103ª posição na avaliação de 138 nações, atrás de países como Chile (24ª), Equador (29ª), Uruguai (95ª) e Argentina (96ª), todos situados na América do Sul. A avaliação da infraestrutura das rodovias utiliza notas que variam de 1 (extremamente subdesenvolvida – entre as piores do mundo) a 7 (extensa e eficiente – entre as melhores do mundo).

Reportagem Danilo Queiroz

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03/09/2018