Rombo de R$ 7,7 bilhões do Funcef será descontado do salário de beneficiários e funcionários da Caixa

Imprensa - 12/12/2016

caixa-foto-ebcBrasília (DF) – O aparelhamento dos fundos de pensão promovido pela gestão da ex-presidente Dilma Rousseff não para de dar prejuízos aos seus beneficiários. Dessa vez, os participantes do Funcef, o fundo de pensão da Caixa Econômica Federal, e até mesmo funcionários ativos do banco precisarão desembolsar R$ 7,7 bilhões para cobrir o rombo do fundo. Metade desse valor será descontado dos benefícios e dos contracheques de salários de 62,5 mil funcionários da Caixa, que deverá arcar com a outra metade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, em reportagem desta segunda-feira (12).

Dos quatro planos oferecidos pelo Funcef, os quase 57 mil participantes do maior e mais antigo deles, o REG/Replan Saldado, já têm sofrido descontos de 2,78% nos contracheques e aposentadorias desde maio deste ano, para cobrir o rombo de 2014. Só que, para cobrir o rombo de 2015, o prejuízo será ainda maior: a tarifa adicional deverá subir para 10,68% ao mês, por um período de 17 anos e meio. Pela primeira vez, os 5,5 mil beneficiários de outro plano, o REG/Replan Não Saldado, também foram convocados para a contribuição extra.

O senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO) classificou como “lamentável” a situação do Funcef, terceiro maior fundo de pensão do país, e a de outros como o Postalis, dos Correios, o Previ, do Banco do Brasil, e o Petros, da Petrobras.

“Esse rombo do Funcef de quase R$ 8 bilhões de reais, onde os seus diretores, presidente, querem que os seus segurados agora paguem esse rombo, como fez o Postalis, isso é um crime. O que tinham que fazer era pegar esses presidentes, ex-presidentes da Funcef, coniventes com toda a corrupção e má gestão que permeou o fundo por anos, e botar todos eles na cadeia. Confiscar todos os seus bens porque saíram, evidentemente, todos muito ricos. Isso não pode acontecer”, afirmou.

Para coibir as fraudes nos fundos de pensão de estatais, dando-lhes mais governança e pondo um fim à influência exercida por partidos políticos, o PSDB defende a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) do Senado 268/2016, relatado pelo senador Aécio Neves, presidente nacional do partido. A proposta, já aprovada pelo Senado e atualmente tramitando na Câmara, cria novas regras para a escolha e atuação de diretores-executivos e conselheiros de fundos de pensão vinculados a entes públicos e suas empresas, fundações ou autarquias.

“Esse projeto doravante estabelece que esses cargos de presidente do Postalis, Funcef, Previ, Petros, e tantos outros, não serão mais cargos indicados por políticos, e sim por técnicos. A gente estende isso a fundos de pensão de regime próprios da Previdência Social”, explicou Ataídes.

Fiscalização

Para o senador tucano, os fundos de pensão brasileiros chegaram à atual calamidade por falta de fiscalização. Basta analisar os investimentos suspeitos do Funcef, por exemplo, detectados por uma CPI criada no Congresso que terminou com o indiciamento de 145 pessoas por envolvimento em esquemas de corrupção. O investimento do Funcef na construtora OAS foi responsável por um prejuízo de R$ 170 milhões. Já os papeis da Sete Brasil, envolvida na Operação Lava Jato, geraram perdas de R$ 1,7 bilhão para o fundo em 2015.

Segundo a Polícia Federal, em oito de dez casos analisados foram realizados investimentos de forma temerária ou fraudulenta.

“Não é só a Funcef, são todos os fundos hoje. Isso é lamentável. Os segurados também deveriam ter fiscalizado minuciosamente essas gestões, porque é dinheiro deles. É claro que os menos culpados são os segurados, não há dúvidas disso. E eles não têm, inclusive, que pagar a conta. Isso é uma barbaridade”, destacou Ataídes de Oliveira.

“Eu só lamento que os segurados que já pagaram por suas aposentadorias vão ter que pagar de novo, para cobrir um rombo que não lhes diz respeito, causado pela má gestão”, completou o parlamentar.

Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.

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12/12/2016