Rombo recorrente nos fundos de pensão preocupa trabalhadores

Há cinco anos consecutivos, os fundos de pensão têm fechado no vermelho. De acordo com levantamento da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), em 2016 o rombo foi de R$ 70,6 bilhões, 10% menor do que o verificado no ano anterior, que foi de quase R$ 78 bilhões. Mesmo com a pequena queda no déficit, os participantes ainda se preocupam com a rápida velocidade de crescimento do rombo no sistema. Em 2012, o déficit era de R$ 9 bilhões e subiu para R$ 21 bilhões no ano seguinte e terminou em R$ 31 bilhões em 2014.
Conselheiros que representam os participantes atribuem os prejuízos à má gestão dos governos Lula e Dilma. Eles relatam que os governos do PT pressionavam as entidades a dividirem os custos e o risco de projetos duvidosos. O economista e deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) concorda com os conselheiros e destaca a necessidade de haver mais rigor na escolha dos gestores desses fundos.
“Os fundos de pensão são uma poupança sagrada daqueles trabalhadores que têm a sua previdência complementar. Por isso, a boa gestão, profissional, honesta e transparente, é necessária. Lamentavelmente, vivemos 13 anos e 4 meses de promiscuidade, incompetência, de má gestão. É lamentável toda essa herança maldita que deixaram. E quem vai pagar a conta? São os funcionários das estatais brasileiras.”
Para cobrir o rombo, os participantes estão tendo que desembolsar mais dinheiro para os planos por meio de contribuições extras. Hauly defende a aprovação urgente na Câmara dos Deputados do projeto de lei Complementar 268/16 que visa dificultar o aparelhamento dos fundos de pensão de estatais por partidos políticos. A proposta, de autoria do senador Paulo Bauer (PSDB-SC), prevê mecanismos para uma gestão mais transparente e profissional dos fundos de pensão.
“Gestor de dinheiro público tem que ser altamente idôneo, transparente, fazer prestação de contas. Então, tem que ter o máximo de rigor e o controle de toda a sociedade. Existe uma secretaria dentro do Ministério da Previdência especializada nessa fiscalização e uma nova Lei pode ajudar aumentar o rigor e a exigência desse gestor nessa habilidade tão importante para a vida dos trabalhadores.”
São mais de 7 milhões de pessoas afetadas pela má administração, entre participantes que estão na ativa, dependentes e assistidos. Os fundos de pensão são formados por 307 entidades, que administram 1.137 planos de benefícios. Juntas, detêm quase R$ 800 bilhões em investimentos, que representam 12,6% do PIB nacional.