Rui Falcão faz discurso contraditório e “para fora” sobre eleição no Congresso, diz Silvio Torres
Brasília (DF) – Poucos dias após decidir liberar suas bancadas no Congresso para que dialoguem com candidatos da base do governo do presidente Michel Temer nas eleições para as presidências da Câmara e do Senado Federal, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, voltou atrás e defendeu que os partidos da oposição se unam em um bloco para lançar candidatura própria. As informações são de reportagem desta segunda-feira (30) do jornal O Globo.
“Minha opinião pessoal é que nos unamos aos parlamentares da oposição (PDT, PCdoB, Rede e PSOL) num bloco a ser encabeçado por alguém deste campo”, ressaltou Falcão, em carta publicada neste domingo (29) no site do PT. A manifestação contradiz a decisão tomada durante o lançamento do 6º Congresso Nacional do partido, no último dia 20, quando a proposta de diálogo com os candidatos Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Jovair Arantes (PTB-GO), na Câmara, e Eunício Oliveira (PMDB-CE), no Senado, foi aprovada por 45 votos a 30.
Para o secretário-geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP), a declaração de Rui Falcão não tem nenhum efeito prático: seu único objetivo é acalmar a ala da militância petista que se manifestou contrariamente à decisão.
“O presidente do PT fez essa fala mais como um discurso para fora, porque ele sabe que internamente o PT está dividido em relação a essa questão. E mais do que isso, sabe que o PT não lidera as oposições. Então ele está fazendo um gesto para algumas alas do PT, que são contra qualquer tipo de acordo, apesar de fazerem. Por exemplo, aqui em São Paulo, tanto na Câmara Municipal quanto na Assembleia Legislativa, o PT sempre faz esse tipo de acordo, para ter gente na Mesa, o que também não implicaria em nenhum outro compromisso”, afirmou.
O tucano acrescentou que a mudança de posicionamento do presidente do PT também não influi nas decisões já tomadas pelos outros partidos.
“Foi uma reação do Rui Falcão à pressão forte de outras alas do PT, mas não vai mudar absolutamente nada. O PCdoB já está comprometido com o Rodrigo Maia, o PSOL talvez pense em lançar um candidato próprio, então a fala do PT não vai influir em nada no resultado da eleição da Câmara e do Senado”, considerou.
Silvio Torres destacou ainda que as contradições que permeiam o discurso petista são frequentes. Agora, se veem em mais uma: a decisão de apoiar um candidato que foi favorável ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em busca de alguns cargos nas mesas diretoras da Câmara e do Senado.
“O PT já faz isso há algum tempo. Aqui em São Paulo, todas as vezes, todas as eleições da Mesa, o PT participa. Disseram um monte de absurdos, vieram com o discurso de golpe, e agora estão com dificuldade de apoiar quem participou a favor do impeachment da Dilma. Por isso, eles precisam dar essa resposta para a ala mais radical do partido, digamos assim”, completou o parlamentar.