Saque do FGTS salva economia de terceiro ano seguido de recessão

A economia brasileira registraria uma recessão pelo terceiro ano consecutivo não fossem os saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que renderam R$ 44 bilhões a mais de 25 milhões de trabalhadores de todo o país. Segundo os cálculos iniciais do governo, os resgates do Fundo de Garantia injetariam R$ 36 bilhões na economia do país e teriam um impacto positivo de 0,5% no Produto Interno Bruto (PIB). Como os valores dos saques superaram as expectativas, é possível que os efeitos no crescimento econômico brasileiro sejam ainda maiores.
Já levando em consideração o dinheiro movimentado com os saques do FGTS, o PIB do Brasil deve crescer somente 0,34%. Sem esses desembolsos, portanto, a atividade econômica teria uma retração de, no mínimo, 0,16%. As informações são de matéria do jornal Correio Braziliense publicada nesta terça-feira (8).
Economista e deputado federal pelo estado de Goiás, o tucano Giuseppe Vecci ressalta que a liberação de recursos do FGTS teve um efeito “muito positivo” na economia e que o governo deve ser elogiado pela iniciativa. Ele observa, entretanto, que ainda são necessários ajustes para que o Brasil possa virar de vez a página da crise econômica.
“Esse volume de recursos certamente teve um efeito multiplicador na economia e gerou esse percentual de 0,5% em nível do PIB. Isso foi positivo até que o país possa retomar a economia, mas é preciso continuar nos ajustes macroeconômicos e microeconômicos para que se perpetue essa expectativa de dias melhores para a economia brasileira”, analisou o tucano.
Vecci citou a abertura da economia brasileira ao restante do mundo, no campo macroeconômico, e as políticas de concessão de microcrédito, em nível microeconômico, como exemplos de medidas que permitiriam uma expansão sustentável da atividade econômica. “É preciso continuar reestruturando a nossa economia, porque não vai ter mais FGTS”, resumiu o parlamentar.
Ouvido pelo Correio Braziliense, o professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB) Newton Marques faz uma análise similar a de Giuseppe Vecci. Ele destaca que os saques das contas inativas deram fôlego para as famílias pagarem suas dívidas e terem acesso à crédito, mas não serão suficientes para conduzir uma retomada estável da economia do país.
“A medida aumentou o fluxo de bens e serviços. Deu o start que a economia precisava, mas isso não quer dizer que ela vá engatar, até porque sofre reflexos da incerteza e das idas e vindas da política. O empresariado precisa de estabilidade”, argumentou o professor.
Além do saque de R$ 44 bilhões das contas inativas, os trabalhadores terão também uma parcela do lucro de R$ 7 bilhões do FGTS. O anúncio foi feito pelo presidente Michel Temer nesta terça.