Secretária Luislinda Valois lança a campanha Olimpíada sem Racismo, no Rio de Janeiro
Participaram do evento a judoca Rafaela Silva, medalhista de ouro nos Jogos do Rio-2016, e o goleiro Aranha
A secretária de Promoção da Igualdade Racial do Governo Federal, Luislinda Valois, lançou ao lado da medalhista olímpica Rafaela Silva e do goleiro Aranha a campanha Olimpíadas sem Racismo – o Racismo não deve fazer parte desse jogo.
O lançamento aconteceu na tarde desta quarta-feira (10), no Centro de Mídia da Prefeitura do Rio de Janeiro, onde estão acontecendo as coletivas de imprensa dos Jogos Olímpicos, e reuniu centenas de jornalistas do mundo inteiro.
Durante a coletiva, a secretária frisou a importância dos negros ocuparem espaços de poder: na política, na justiça, ou nas diferentes áreas profissionais, como medicina e engenharia. E fez um pedido: “Respeitemos a tudo e a todos. Incluindo o povo preto. Não somos coisas. Somos seres humanos”, disse ela, acrescentando que os Jogos Olímpicos trarão benefícios para os negros do Rio de Janeiro.
Perguntada sobre como seriam esses benefícios, diante da crítica recorrente de que o aparato olímpico está instalado nas áreas mais ricas da cidade, ela respondeu: “Olhem esses dois expoentes que estão ao meu lado. Eles já estão inspirando milhares de pessoas. São parâmetros, exemplos a serem seguidos”. Na ocasião, ela se referia à judoca Rafaela e ao goleiro Aranha.
Rafaela, por sua vez, contou que quase desistiu do judô por ataques racistas após ser eliminada das Olimpíadas de Londres, em 2010. “Cheguei em casa querendo ser acolhida por meus familiares, pois estava triste, e não entendia porque não parava de chegar mensagem no meu celular. As pessoas me chamavam de macaca e diziam que judô não era pra mim. Pensei em desistir. Só voltei a lutar depois que passei por tratamento psicológico. Se eu tivesse dado ouvidos, hoje o Brasil não teria esse ouro olímpico”, contou, arrancando aplausos.
Aranha também passou por maus bocados por xingamentos de torcedores em campo. O caso que ganhou mais repercussão aconteceu em Porto Alegre, em 2014, quando ele jogava pelo Santos contra o Grêmio. A torcida gremista o atacou com xingamentos racistas e o goleiro reagiu na justiça.
“Nós negros precisamos de representação para além do esporte e do samba”, corroborou ele.
Cartilha
O objetivo da campanha Olimpíadas sem Racismo vai além da sensibilização de corações e mentes e visa instruir, na prática, as vítimas desse crime que, no Brasil, é inafiançável.
Para isso, a secretária Luislinda participa nesta quinta-feira, na Casa Brasil, no Rio de Janeiro, do lançamento da cartilha da campanha, com orientações sobre como proceder, aonde ir e quem procurar, em caso de ataques racistas. O livreto traz, por exemplo, uma lista de delegacias, com endereço, além de telefone úteis, entre outras informações.
Internet
Luislinda Valois falou também das ofensas na Internet, deixando bem claro que elas, da mesma maneira, são passíveis de punição.
“Engana-se quem se utiliza da internet pra agredir. A internet é punível do mesmo jeito. Se somos vítimas de delito temos que procurar a autoridade. Não deixem passar em branco. Temos que denunciar, procurar a justiça. Vamos em busca do nosso direito!”, orientou, enquanto apresentava aos jornalistas a cartilha que será ainda lançada.
Por fim, deu o último recado. “Eu passei por situações difíceis com a caneta. Esses atletas passaram por situações difíceis com a bola e com seus físicos. Vamos unir a caneta e a bola por um Brasil melhor e sem racismo”, finalizou ela.
*Do PSDB-RJ