Sem justificativas, defesa de Lula parte para o ataque e pede suspeição de desembargador da Lava Jato

Imprensa - 19/10/2016

rp_discurso_lula_foto_roberto_parizotti_cut_15092016008-850x567Brasília (DF) – A falta de argumentos dados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tentativa de explicar os crimes de que é acusado na Operação Lava Jato é inversamente proporcional aos malabarismos criados por sua defesa para tentar desviar o foco e colocar o petista como vítima. Após questionar a atuação do juiz federal Sérgio Moro na condução das investigações, a defesa de Lula agora entrou com um recurso pedindo a suspeição do desembargador João Pedro Gebran Neto, relator dos recursos da Lava Janto no Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª região.

Segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (19) pelo jornal O Estado de S. Paulo, a defesa de Lula questiona a parcialidade do desembargador no julgamento do pedido de suspeição de Sérgio Moro, também impetrado pelos advogados do petista. A justificativa é que João Pedro Gebran teria se recusado a esclarecer se mantém relação de “amizade íntima” com Moro.

Para o deputado federal Miguel Haddad (PSDB-SP), o pedido da defesa de Lula faz parte da estratégia petista de sempre se colocar como vítima, perseguido pela imprensa, pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e pela Justiça como um todo.

“É alguém que se coloca sempre como vítima, mas nunca justifica os seus atos. Com esse argumento de ser vítima de suspeição desse ou daquele, ele [Lula] tenta justificar aquilo que é injustificável, que foi exatamente o processo de corrupção, o envolvimento do PT em todo esse processo, essa quadrilha que foi montada no governo do PT durante esses últimos 13, quase 14 anos”, afirmou.

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que a defesa do petista questiona o desembargador João Pedro Gebran Neto. No começo de julho, os advogados de Lula entraram com uma petição pedindo informações acerca de uma possível relação pessoal próxima entre os julgadores de primeiro e segundo graus. O desembargador não reconheceu o pedido, entendendo que o meio processual usado pelos advogados do ex-presidente não era o adequado.

‘A ordem é não ficar calado’

O objetivo do Partido dos Trabalhadores, de acordo com o ex-ministro Gilberto Carvalho, é questionar publicamente os motivos apresentados pela Operação Lava Jato para tornar Lula réu. “É um processo de informação e questionamento”, disse o petista. “A ordem é não ficar calado”.

“O que nós temos visto é que o ex-presidente Lula não se justifica, não argumenta em sua defesa”, rebateu Miguel Haddad. “O que ele faz, em todas as denúncias colocadas, ele não apresenta nenhuma contrarrazão em relação a tudo aquilo que vem sendo colocado, que as investigações vêm apurando. Ele cria essa situação, esse quadro, e se exime, sem justificar em nada, em absoluto, todas as denúncias já envolvendo o seu nome”, destacou o tucano.

“Em nenhum momento ele tenta se justificar. E o que é pior: ele usa essa argumentação, cria essa situação, para poder tentar manipular um pouco mais a opinião pública”, completou o parlamentar.

Denunciado pelo MPF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e recebimento de vantagens indevidas, entre elas duas propriedades – um tríplex no Guarujá e um sítio em Atibaia –, além de ser investigado, ao lado de sua esposa Marisa Letícia e do sobrinho, o empresário Taiguara Rodrigues, por ter supostamente beneficiado empresas usando tráfico de influência, Lula insiste na tática do ‘eu não sabia’. Além de se autodeclarar inocente, o petista chegou a dizer que não existia “uma viva alma mais honesta” do que ele.

Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.

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19/10/2016