“Sensação de que o Brasil era um trem desgovernado passou”, diz ex-presidente do BC

Imprensa - 06/02/2017

Arminio Fraga Foto Divulgacao1Brasília (DF) – A economia brasileira está finalmente voltando aos eixos, na opinião do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta segunda-feira (6), o economista afirmou que passados quase nove meses desde que o presidente Michel Temer assumiu o cargo, o Brasil já não está mais à beira do precipício, como estava durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

“No geral, a minha visão é de que, desde o afastamento da presidente Dilma Rousseff, houve uma mudança de peso em relação ao que se tinha antes. Apesar do ambiente político carregado, houve algumas reformas importantes. Agora, existe uma agenda. Boa parte dela foi apresentada antes mesmo do impeachment, o que ajudou bastante. Essa agenda inclui itens importantes, com impacto no longo prazo, como o controle dos gastos públicos e a reforma da Previdência”, avaliou Fraga, que comandou o Banco Central durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

Para o ex-presidente do BC, a sensação de que a economia brasileira era um “trem desgovernado” já passou. Ainda assim, a equipe econômica do atual governo tem um grande desafio pela frente.

“Eu tinha uma leitura muito negativa do que estava acontecendo no governo anterior. Achava que o Brasil caminhava para o caos. Mesmo. Esse caminho agora foi invertido. Antes, às vezes, surgiam problemas e eles iam aumentando, porque não eram enfrentados de forma adequada. Agora, os problemas surgem, mas geram uma reação de correção. Isso é muito bom. Hoje, o Brasil segue vulnerável, mas aquela sensação de que era um trem desgovernado, de que estávamos indo para o precipício, passou”, disse.

“Não é nada fácil a missão que eles têm pela frente, porque pegaram um quadro de terra arrasada e vêm conseguindo avançar, a despeito de tudo o que está acontecendo no meio político e no Judiciário, que não é pouca coisa, embora seja, obviamente, muito positivo para o País”, acrescentou o economista.

Deterioração

Armínio Fraga destacou que, durante a gestão petista, houve uma extraordinária deterioração no crédito do governo e nas finanças públicas de forma geral, incluindo estados e municípios. O crescimento desenfreado da dívida pública também exigir um “esforço monumental de correção”.

“Houve também uma impressionante perda de dinamismo e de produtividade, como resultado de uma série de políticas equivocadas adotadas pelo governo anterior, batizadas depois de Nova Matriz Econômica. O Estado se tornou não apenas um veículo para a adoção de políticas populistas. Ele foi capturado por interesses partidários e por interesses privados. Em função dessa captura, o Estado fazia mal à economia, para beneficiar alguns poucos, para que ajudassem a perpetuar esse modelo”, explicou.

O ex-presidente do BC defendeu ainda a celeridade de reformas e ajustes que precisam ser feitos para aumentar a produtividade do país e reduzir a pressão sobre o Banco Central.

“O Banco Central tem trabalhado bem e está encontrando espaço para reduzir os juros, em cima da confiança em relação às melhorias que ocorrerão no futuro. Mas, se o ajuste for mais rápido, dará ao Banco Central mais liberdade para administrar a política monetária”, completou.

Leia AQUI a íntegra da entrevista de Armínio Fraga ao jornal O Estado de S. Paulo.

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06/02/2017