Sim a reforma agrária, não a violência
No combate à secular desigualdade social que atormenta nosso País, a reforma agrária é um instrumento essencial. Exatamente por reconhecer isto, o Governo do Presidente Fernando Henrique, seguindo uma das prioridades do PSDB, dá grande atenção aos projetos de assentamento e assistência à agricultura familiar. Nunca se fez nem perto do esforço presente, apesar das notórias dificuldades nas finanças públicas.
Apesar de tudo que já foi feito, a dimensão do problema exige esforço contínuo e ainda há muito a fazer. Por isso, quem é social democrata compreende e é solidário à mobilização dos trabalhadores rurais sem terra.
Quem, entretanto, lutou e sofreu para vencer a ditadura, inclusive para que os movimentos sociais tivessem liberdade de ação, não pode assistir passivamente a manipulação desses movimentos, lhes desviando os princípios e desconhecendo as mínimas normas de convivência democrática.
O MST ultrapassou o limite que separa a luta democrática da desordem inaceitável.
O Governo do Presidente Fernando Henrique tratou essa questão no extremo limite da tolerância e da concessão política, isso em nome da preservação da democracia tão duramente conquistada pelo povo brasileiro. O PSDB, como partido criado por lideranças provadas na resistência a uma ditadura, não esquece o passado recente do País e zela pelo Estado de Direito.
Os excessos cometidos pela ação desviada do MST, têm raízes na demagogia dos que apoiaram a radicalização das lideranças do movimento. Desconhece-se veladamente os avanços da política de reforma agrária do Governo Federal, ignorando-se também o perigo que embute os discursos fáceis e a demagogia. As consequências dessa irresponsabilidade estão aí.
Produzindo conflitos armados no campo, tumultos nas ruas e depredação em prédios públicos, tais excessos tornam-se uma fonte de insegurança social e ameaça política, exigindo e justificando combate enérgico. O Governo anunciou medidas que demonstram mais uma vez, sua determinada disposição de avançar com a Reforma Agrária. Além do mais, num gesto de reafirmação democrática, mantém abertos todos os canais de diálogo com o MST. Com isso espera-se finalmente, venha o bom senso, inclusive pela interseção dos setores externos que apoiaram a radicalização do movimento.
Fora disso, o mesmo zelo pelo Estado de Direito que aconselhou o Governo a manter-se no mais extremo limite da tolerância e da concessão política, exigirá o exercício forte da autoridade em defesa da ordem e da democracia, para que, de nenhum lado ou interesse, venham razões ou pretextos que ameacem o regime de liberdade que assegura a todos o direito de se exprimir e de se organizar.