Taxa recorde de votos brancos e nulos reflete decepção dos brasileiros com a política, afirma Silvio Torres
O índice de 14,3% de votos brancos e nulos registrados nas urnas de todo o país neste domingo (30) foi o maior já visto em um segundo turno de eleições municipais deste 2004, ano em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passou a divulgar estas estatísticas digitalizadas. Os dados revelam que os eleitores brasileiros, a cada novo pleito para prefeito, optam cada vez mais por não escolher nenhum dos dois candidatos disponíveis para as prefeituras de suas cidades.
Segundo dados de matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira (31), a taxa de brancos e nulos era, em 2004, de apenas 5,4%. Quatro anos mais tarde, este número subiu para 7,5%, chegando a 9,2% em 2012, recorde até a votação de 2016. Além disso, a taxa de abstenção foi outro recorde batido pelas eleições deste ano. Do total de eleitores aptos a votar neste domingo, 21,5% não compareceram às urnas, um crescimento de 2,4% em relação à abstenção de 19,1% registrada em 2012.
Na avaliação do secretário-geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP), os recordes de não-votação vistos neste domingo revelam o grau de decepção do eleitorado brasileiro com a política do país. Para ele, uma série de fatores, entre os quais a crise econômica instalada no país durante o governo de Dilma Rousseff, ajuda a explicar o baixo índice de votos válidos neste ano.
“Isso já vem sendo manifestado. Essa rejeição à política, seja nas ruas, seja por intermédio das redes sociais, acabou criando uma cultura de não reconhecer o sistema”, ressaltou o tucano. “Não são explicações fáceis [para o alto índice de abstenção]. Acho que são várias circunstâncias. O impeachment, o petrolão, é tudo um somatório de fatos que não existiam antes. Se você comparar 2012 com agora, o país vivia de uma forma, a economia inclusive estava melhor, então juntaram-se todos esses fatores que culminaram nessa rejeição”, acrescentou Torres.
Reforma política
De acordo com a reportagem do Estadão, as maiores taxas de eleitores que não foram às urnas ou optaram por votar branco e nulo foram registradas em Mauá (42,3%), São Bernardo do Campo (41,7%), ambas cidades do ABC Paulista, e no Rio de Janeiro (41,5%). Para Silvio Torres, a aprovação de uma reforma política no país – tema de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelos senadores tucanos Aécio Neves e Ricardo Ferraço – tem a capacidade de diminuir o grau de desconfiança da população com o sistema eleitoral.
“Nós precisamos pensar em sistemas que realmente deem ao eleitor mais estímulo para votar, para que possa conhecer melhor o processo. Temos que lembrar também que a campanha foi muito mais curta. As pessoas não estavam acostumadas a decidir em um tempo tão curto, e agora foram obrigadas. Agora, o fato é que a reforma política é urgente”, analisou o parlamentar.
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