Therezinha Ruiz lamenta crescente pirataria nas hidrovias amazonenses
Principal modal de transporte de pessoas e cargas na região amazônica, as hidrovias viraram sinônimo de perigo e abandono no últimos anos. Problemas relacionados à pirataria, criminalidade e falta de ordenamento nos rios despontam como as principais situações enfrentadas por ribeirinhos, passageiros, membros de tripulações e demais usuários do sistema pluvial da região.
Na última quarta-feira (17), o programa “Profissão Repórter”, da TV Globo, evidenciou as dificuldades enfrentadas na principal hidrovia da região amazônica, a Solimões-Amazonas. Citando a reportagem, a professora Therezinha Ruiz (PSDB-AM), eleita deputada estadual pela população amazonense para a próxima legislatura, lamentou a falta de atenção com os problemas característicos da região.
Lembrando a precária estrutura rodoviária no Amazonas, a futura parlamentar pediu maior cuidado com quem depende dos rios para viver. “Eles mostraram claramente todos os problemas. Nossos barcos são assaltados durante o dia. Isso é uma vergonha e é muito difícil, pois nós não temos boas estradas e outros acessos. Temos que tomar conta dos nossos rios e das nossas fronteiras”, pediu.
Os constantes roubos praticados por embarcações piratas vitimando meios de transporte de pessoas e de cargas é um dos problemas mais recorrentes. Durante os assaltos, o maior volume de perdas está relacionada a cargas de combustíveis e demais insumos transportados. Grande parte das ocorrências acontecem durante a noite, período onde raramente há presença de policiais no perímetro hidroviário.
Segundo dados do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), nos últimos três anos, a média de prejuízos se mantém com perdas estimadas em torno de R$ 100 milhões por ano. Além das perdas materiais e econômicas, as tripulações ainda sofrem diversas violências físicas que, em alguns casos, acabam resultando em morte.
Para a tucana recém-eleita, é necessário haver maior reforço policial nas rotas fluviais da região para inibir as ações. “Precisamos ter uma Marinha mais aguerrida e com mais autonomia para acompanhar e combater o problema. A guarda costeira precisa ser maior. Não há número suficiente dessas embarcações. Necessitamos de projetos mais fortes para punir as pessoas que estão assaltando, matando e prejudicando as pessoas”, indicou.
A situação dos ribeirinhos que vivem nas margens das principais vias fluviais do Amazonas e costumam arriscar suas vidas para poder vender produtos ou conseguir doações de comida, roupas e outros itens básicos também foi lembrada por Therezinha. “Eles precisam do escoamento dos seus produtos naturais, o que ainda é um grande transtorno. Nossos ribeirinhos sofrem com tantas dificuldades e ainda passam por esses problemas”, lamentou.
Para tucana, melhoria do sistema fluvial é necessária
A professora Therezinha Ruiz ressaltou ainda que, além dos problemas relacionados à segurança enfrentados por quem depende do sistema fluvial, é preciso que os próximos governantes voltem suas atenções para a melhoria das condições de utilização dos rios que cortam o estado do Amazonas e toda a região Norte do Brasil.
Com importância primordial para o comércio externo e interno da região, as hidrovias propiciam a oferta de produtos a preços mais competitivos, sendo o modal hidroviário o principal caminho para escoamento de cargas, responsável por destinar cerca de 65% do total transportado.
Mesmo com a grande importância logística, a navegação na região não possui uma legislação adequada. “Temos um grande corredor pluvial que trás cargas para a toda região amazônica. É importante que seja feito anualmente ou bi anualmente o balizamento dos rios. A melhoria da sinalização é fundamental para o melhor desempenho do transporte”, indicou.
Para baratear o custo do transporte de passageiros de cargas, a tucana apontou ainda a importância do investimento na integração com outros modais, como ferrovias e rodovias. “Precisamos fazer esse triângulo. Podemos melhorar as condições e reduzir em até 12h o tempo do transporte fluvial marítimo”, concluiu.
Reportagem Danilo Queiroz