Tucanafro intensifica debates sobre combate ao racismo no Brasil e no mundo

Notícias - 08/06/2020

“Somos negros, somos 54% da população brasileira, e ainda somos a minoria nos espaços de poder e de fala. Precisamos reverter este quadro com urgência para que situações como a da Ágata, do João Pedro, do Miguel e tantas outras mortes de cunho racista não fique em vão. Não podemos mais aceitar que crimes racistas como esse acontecem em nosso país”. A afirmação foi feita pela presidente do Tucanafro, Gabriela Cruz, em debate sobre os movimentos antirracistas no Brasil e no mundo, transmitido ao vivo na última sexta-feira (05/06).

A live reuniu o secretário-geral do PSDB, deputado federal Beto Pereira, o presidente de honra do Tucanafor, Juvenal Araújo, além dos presidente estaduais do Secretariado negro do PSDB. Na pauta, os temas urgentes como o posicionamento do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, sobre o movimento negro. “É uma vergonha termos aquele cidadão como referência em uma das instituições mais importantes do nosso movimento”, afirmou Gabriela.

Juvenal Araújo relembrou as conquistas da população negra durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, reforçando ainda as vitórias obtidas pelo PSDB. “O primeiro presidente que assumiu que somos um país racista e viu a necessidade de se criar secretarias e espécies para falar sobre isso foi Fernando Henrique. Além disso, em 2016, o PSDB foi a sigla que mais elegeu representantes negros nas eleições, por isso é importante que continuemos levantando esta bandeira”.

“Somos a maioria e não temos representatividade. Por isso solicitamos que o partido destine 3% do fundo partidário para os candidatos negros, assim como já há esta verba às mulheres somente desta forma conseguiremos ter voz e trabalhar pautas para o nosso povo”, completou o vice-presidente do Tucanafro, Fernando.

A presidente do Tucanafro de Mato Grosso do Sul, Mariana Castelar, abordou a importância da formação permanente para a militância. “A mais recente pesquisa feita pelo Atlas da Violência, mostra que em 2017, de cada 100 pessoas assassinadas, 71 eram negras. Isso só comprova o retrato desigual e discriminatório no nosso país. Então, falar que temos direitos a oportunidades iguais é mentira, dizer que a meritocracia funciona para nós negros também não é verdade. Por isso, sugiro que o ITV faça cursos permanentes falando sobre o racismo estrutural e sobre a questão racial no país. É importante que as pessoas aprendem a história e o panorama social do nosso país”.

Racismo é crime
Explicando sobre como funcionam o crime de racismo e a injúria racial, o presidente do Tucanafro do Rio de Janeiro, Cirilo de Oliveira, confirmou a gravidade de uma situação em que muitos usam a brecha da lei para amenizar a pena. “O crime de racismo é inafiançável e grave. O de injúria racial é mais brando. Quase todos os casos que deveriam ser definidos como crime viram injúria, e o réu acaba tendo uma pena mais branda”.

Ivan Lima, presidente do Tucanafro em São Paulo, destacou a importância de se eleger mais negros para os espaços de poder e da formação permanente. Também reforçou a importância do espaço do Secretariado dentro das executivas e no PSDB. “É de extrema importância que os presidentes dos Tucanafros participem das reuniões de sua executivas municipais e estaduais para saber as decisões tomadas. Desta forma teremos voz e poder de fala”.

A primeira secretaria Nacional e presidente do segmento em Alagoas, Tereza Olegário, e o presidente do Piauí, Rafael Almeida, falaram sobre a importância da reunião, o fortalecimento do segmento e o comprometimento do partido.

Espaço partidário
“Aprendi muito nesta noite. Todos os pedidos têm fundamento e meu total apoio e da Executiva”, garantiu Beto Pereira. “A representatividade é algo de extrema importância, por isso, também levarei a questão de destinar o fundo partidário a candidatos pretos e pretas. Junto com vocês, faremos um levantamento, um planejamento e orçamento para as campanhas. Também concordo sobre uma penalidade mais grave da tipificação da injúria quando ela for de cunho racista. Ela precisa ser mais rígida e eu, como deputado federal, verei isso”, completou Beto.

“Sobre o presidente da Fundação Palmares, recomendo que façam uma carta solicitando a exoneração com a assinatura de todos vocês para que possamos fazer o encaminhamento e peço também que façam um levantamento sobre projetos de lei que é de interesse do secretariado para que possamos analisar juntos e levar para a Câmara. O que não podemos é aceitar que situações como essas que temos visto diariamente continue impune e se tornam rotinas no nosso país. O PSDB é um partido que apóia a democracia e o direito de fala e espaço de poder a todos, e para que isso aconteça precisamos ouvir segmentos como o Tucanafro para que possamos dar o direito de oportunidade a todos para que tenham voz, vez e voto”.

 

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08/06/2020