Tucanos lamentam incêndio que destruiu Museu Nacional, no Rio

Notícias - 03/09/2018
Foto: EBC

Descaso, abandono, negligência, desrespeito com a cultura e a história do país. O Brasil perdeu na noite deste domingo (2) mais de 200 anos de história com o incêndio que atingiu o Museu Nacional, a mais antiga instituição cientifica do país, que guardava em seu acervo mais de 20 milhões de itens, entre eles o crânio de Luzia, o fóssil mais antigo das Américas e tesouro arqueológico nacional. Criado por D. João VI em 1818, o museu ocupa, desde 1892, um prédio histórico, o palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro.

Tucanos de todos os cantos do país lamentaram a tragédia. O presidente nacional do PSDB e candidato à Presidência da República, Geraldo Alckmin, afirmou que o incêndio agride a identidade nacional e entristece todo o país.

“Neste momento de profunda perda, quero me solidarizar não apenas com os cariocas, mas com todos os cidadãos brasileiros. Diante da perda irreparável do maior acervo museológico brasileiro, devemos resgatar o compromisso de zelar permanentemente, com consciência e investimento, pela preservação do patrimônio e da memória do país”, disse.

O fogo começou por volta das 19h30 de ontem depois do fechamento para visitantes. Boa parte da estrutura do prédio era de madeira, e o acervo tinha muito material inflamável. Assim, o fogo se espalhou rapidamente. Segundo a assessoria de imprensa do museu e o Corpo de Bombeiros, não houve feridos.

Em seu perfil no Facebook, o deputado federal Otavio Leite (PSDB-RJ) definiu o incidente como uma “tragédia cultural” e defendeu melhores condições para as instituições históricas que carregam a cultura do país.

“Uma manhã muito triste. Nossos museus, em grande parte, vivem muito precárias situações por ausência de recursos. Lá se vão 200 anos de história. Fico imaginando o que vai ser possível fazer para soerguê-lo. É uma tristeza muito grande. Queria compartilhar esse sentimento de frustração geral porque, no fundo, é um patrimônio de todos os brasileiros e das futuras gerações”, afirmou.

A candidata tucana ao Senado pelo Rio de Janeiro, Aspásia Camargo, destacou que a tragédia é “irreparável” e foi causada pela negligência dos governantes, a “irresponsabilidade política”.

“Perdemos história, arqueologia, cultura. Perdemos o museu histórico mais importante do Brasil, justamente na comemoração de seus 200 anos. Não há razão que explique não haver um sistema anti-incêndio, como em qualquer museu do mundo”, declarou.

Candidato ao governo de Minas Gerais, o senador Antonio Anastasia (PSDB) também lamentou o ocorrido. Na avaliação do tucano, a cultura e a história brasileira precisam ser mais valorizadas por todas as esferas do poder público.

“É de doer o coração. Vai-se embora parte significativa de nossa arte, cultura e história, sem falar de seu acervo acadêmico e científico. O palácio de São Cristóvão, sede do museu, chegou a ser residência oficial da família real no período em que o Brasil foi Reino Unido de Portugal, e foi o local onde ocorreu a primeira Assembleia Constituinte da República. Essa é uma perda enorme e irreparável para todo o Brasil”, afirmou.

O deputado estadual Carlos Osorio (PSDB-RJ) também manifestou sua indignação com o caso e exigiu apuração por parte das autoridades responsáveis. “Uma tragédia para a cultura e a história do Brasil. Agora, todo o apoio ao trabalho dos bombeiros. Depois, temos que exigir a apuração das causas. Que tristeza”, ressaltou.

História

O acervo do museu foi formado ao longo de mais de dois séculos por meio de coletas, escavações, permutas, aquisições e doações. Tem coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia. Entre seus principais tesouros, estão a primeira coleção de múmias egípcias da América Latina e o Bendegó, o maior meteorito já encontrado no Brasil.

A antiga residência real, onde nasceu D. Pedro II, expõe uma coleção de peças da época do descobrimento do Brasil, em 1500, até a Proclamação da República, em 1889, como quadros, móveis e objetos que pertenceram a nobreza de Portugal e do Brasil.

*Reportagem: Clarissa Lemgruber

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03/09/2018