Tucanos lotam encontro do PSDB em Campo Grande
A sede do PSDB em Mato Grosso do Sul esteve lotada na manhã deste sábado (08), por ocasião da realização do quarto encontro do Diálogos Tucanos, que está percorrendo o país para rediscutir o futuro da legenda.
O presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite, disse que a presença maciça dos tucanos no encontro aquece o coração e injeta uma energia que estimula na jornada para discutir o partido e o Brasil. “Eu me vejo em cada um de vocês porque eu participo desse partido desde os meus dezesseis anos de idade e sou alguém que entende que precisa dar uma contribuição para nossa sociedade, para o país e para fazer com que as a vida das pessoas seja melhor”, disse.
Para os que duvidam que o PSDB volte a ocupar espaços relevantes de poder, Leite citou exemplos de renascimento na política e no setor empresarial e convocou a todos para se engajarem no trabalho de reconstrução do partido. “Agora, o PSDB tem uma missão, o caminho não é fácil, mas nós não estamos no PSDB porque seja o caminho mais fácil, mas porque é o melhor caminho para as nossas comunidades e o nosso país.” E complementou: “A gente precisa fortalecer o PSDB, porque o Brasil precisa de um partido que aponte um caminho com serenidade, com equilíbrio, com bom senso, que foque em atacar os problemas e não em atacar as pessoas. Nós estamos na política e política é atividade para fazer a vida das pessoas melhor e não para tornar a vida delas insuportável, numa guerra de uns contra os outros”.
Presidente do PSDB e ex-governador do estado de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja disse que é a militância que vai dizer qual deve ser o futuro do partido. “A militância é que tem que dar o norte. Qual as pautas que nós vamos defender daqui pra frente como um partido que pensa no Brasil, nos estados e municípios”. Depois, dirigindo-se aos governadores Eduardo Leite e Eduardo Riedel, e citando o deputado federal Beto Pereira, relator do projeto de lei que altera as regras do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), Azambuja disse que a reforma tributária não é de um partido, mas de uma nação inteira. “O Brasil, com o arcabouço tributário que tem, é perverso ao desenvolvimento e ao crescimento. Esses dois governadores do PSDB capitanearam essa bandeira, porque isso é a favor do povo brasileiro. Nenhum empresário, nenhum cidadão, cidadã, consegue hoje crescer com esse emaranhado tributário que nós temos.”
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, disse que este foi o primeiro encontro do partido desde as eleições e que Mato Grosso do Sul será, sem dúvida nenhuma, um dos melhores estados do país, trabalho este iniciado pelo ex-governador Reinaldo Azambuja. E citou o processo de privatização da Corsan, a empresa pública de saneamento do Rio Grande do Sul, que teve sua venda concluída na sexta-feira passada pelo governador Eduardo Leite. “A empresa de cobertura de saneamento lá no Rio Grande do Sul tem 20% de cobertura no saneamento básico. Qual a alternativa que ele tem para poder viabilizar o bem-estar e a dignidade e a saúde geral das pessoas? É chamar a iniciativa privada e resolver o problema. Cada um vai encontrar o seu modelo. Nós aqui fizemos uma parceria público-privada, com injeção de R$ 3 bilhões, que está hoje com 62% de cobertura e vamos chegar a mais de 90% daqui a cinco anos. E esse modelo de trabalho onde a gente discute os caminhos e inova na busca desses caminhos para fazer atendimento a população é o que nós vamos perseguir”, afirmou.
POLARIZAÇÃO – No espaço para perguntas, uma jovem chamada Ana Letícia questionou Eduardo Leite sobre como fazer para o partido voltar a ter protagonismo diante da polarização política do país? Leite parafraseou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que prega que “o centro tem que polarizar”. “Estar no centro não pode significar sermos mornos. Não adianta nós irmos para a eleição tentando convencer alguém a votar na gente porque a gente não é nem um nem outro. A razão do voto é muito mais dirigida pela capacidade de tocar o coração, o sentimento de um eleitor. Se nós não formos capazes de tocar as pessoas, a gente não vai conseguir trazer elas para votarem no nosso caminho, no que a gente apresenta”, afirmou.
Para Eduardo Leite, antes de tudo, a política é feita de pessoas. “Política é pra quem gosta de gente, e o PSDB tem que ser o partido para quem gosta de gente, que está perto das pessoas. É isso que vai ser capaz de fazer com que a gente enfrente a polarização, porque eu desconfio que quem está só querendo aniquilar outro campo não gosta efetivamente de gente. Porque não é pra gostar só da nossa gente, é de todo tipo de gente, de cada um dos seres humanos e não só de quem está do nosso lado e pensa como a gente.”
EXEMPLO – Outra pergunta foi formulada por Maria Eduarda Nunes. “O PSDB em MS é um case de sucesso com muitos mandatários e em franca expansão. Como fazer a realidade do nosso Estado ser expandida aos demais estados para fortalecer o partido para as próximas eleições?” Leite respondeu: “O que vocês fizeram aqui em Mato Grosso do Sul é incrível. Tem que trocar mais figurinha para cada vez mais fortalecer o jeito do PSDB de governar. A gente é muito conhecido pela capacidade de equilibrar as contas, pela responsabilidade fiscal, pela modernização da máquina pública. Isso já está consagrado, mas precisa fortalecer é na outra ponta, o que essas entregas são capazes de fazer pela sociedade”, disse.
DIVERSIDADE – Cloe, representante do núcleo de Diversidade Tucana perguntou: “Como debater diversidade de gênero com famílias tradicionais e religiosas?” Leite respondeu: “Todos nós somos resultados da cultura que nos impuseram. No meu caso individual, por exemplo, tentaram me convencer, e por algum momento eu fui convencido, de que a minha orientação sexual era algo errado. E tentei ser quem eu não era. Então, se para mim mesmo foi difícil aceitar, como é que eu vou exigir para outras pessoas que elas aceitem da noite para o dia que as coisas são assim? A gente tem que ajudar orientando, instruindo, criando uma cultura de compreensão e, aos poucos, as gerações vão se encarregando de criar esse ambiente de compreensão, de respeito, da diversidade. Eu sou otimista em relação ao futuro, quando a gente analisa nas pesquisas de opinião e vê justamente que a geração que tá vindo tem um pensamento muito mais aberto do que a geração que tá partindo. Tem que ir empurrando na direção correta e acho que esse é um caminho. Acho que a gente está conseguindo fazer isso lá no Rio Grande do Sul. Pela primeira vez aconteceu a reeleição de um governo e é justamente um governador gay. E isso não ofendeu, não é um problema e ajuda a mostrar para as pessoas que o que vale é a capacidade de trabalho e o caráter.”