Tucanos rebatem declarações de presidente da CUT sobre conjuntura política
Brasília (DF) – O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “não tem o direito de descansar” neste momento em que a esquerda precisaria de sua candidatura. Em entrevista ao jornal Valor Econômico desta quarta-feira (18), Freitas admitiu que a conjuntura é “difícil” e não será fácil a esquerda retornar ao poder. Mesmo assim, segundo ele, é preciso ter um candidato forte pelo menos para fazer o debate político.
À publicação, o presidente da CUT também voltou a defender o afastamento do presidente Michel Temer e disse que, no fim do mês, será definida uma nova agenda de mobilizações contra as reformas da Previdência Social e trabalhista. “Queremos a renúncia do presidente Michel Temer e a convocação de eleições diretas já, em todos os níveis, para que se reinstaure a democracia. Entendemos que o Brasil vive um momento de exceção, um regime não democrático, por isso, não podemos ter uma relação como se nada tivesse acontecido”, disse.
Para o secretário municipal de Diadema (SP) e integrante do Núcleo Sindical do PSDB Atevaldo Leitão, as declarações de Freitas são “lamentáveis” e colocam a esperança dos trabalhadores em xeque.
“É muito triste. A gente fica muito sentido vendo um operário, que poderia ser a esperança do país, colocar a nossa esperança em xeque, como se o que está acontecendo não fosse culpa do PT. Diversos integrantes do PT institucionalizaram a corrupção no país. Isso é gravíssimo. Os trabalhadores não são burros. A gente vê uma perspectiva muito forte de mudança e é triste um representante de uma das maiores centrais que representam o trabalhador brasileiro, apesar de estar no direito dele, defender essas pessoas e pregar a renúncia de um presidente eleito legitimamente”, afirmou.
Sobre a agenda de manifestações para este ano, Freitas afirmou que, no primeiro trimestre, a CUT pretende voltar às ruas com o “Fora, Temer”, com as “Diretas Já”, e contra as reformas previdenciária e trabalhista. Apesar disso, ele reconhece que a central até hoje não conseguiu mobilizar os trabalhadores, “organizadamente”, nas ruas pelo “Fora, Temer”.
Na opinião do tucano, a baixa adesão à retirada do presidente representa a grande insatisfação dos trabalhadores com a gestão do PT, que deixou um legado ao país de mais de 13 milhões de desempregados.
“O PT afundou o trabalhador para o sub fundo do poço. Hoje, há um sentimento de traição por parte dos trabalhadores. Quando o Lula assumiu o poder, ele traiu os trabalhadores. Deixou de cumprir várias promessas que fez ao longo dos anos. Então, nós não vamos mais incentivar e nem fazer nada para ajudar esse partido. Acho que o trabalhador está muito politizado e com certeza não irá apoiar essa mobilização, por isso o fracasso”, reiterou Atevaldo Leitão.
“Golpe”
Na entrevista, Freitas também insistiu na tese do “golpe” que estaria em curso no país, com o impeachment de Dilma Rousseff. De acordo com o sindicalista, o governo Temer seria pior que o de Dilma porque “retirar mais direitos” dos trabalhadores.
No entanto, segundo o deputado estadual e ex-presidente do Núcleo Sindical do PSDB Antonio Ramalho (SP), o “velho discurso de golpe” não tem fundamento e demonstra apenas a falta de argumentos com o intuito de tentar buscar adesão da população.
“Não teve golpe, foi tudo legítimo, de acordo com a lei. Esse argumento cai por terra. É um discurso que não tem sustentação. A história do golpe que eles tanto falam é porque não têm mais nenhum discurso, é tudo vazio. Por isso, tentam vender essa ideia falsa para ver se alguém ainda acredita. Mas a legislação brasileira é clara. Tudo foi feito de acordo com a lei, inclusive quem presidiu o impeachment da ex-presidente Dilma foi o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). A mudança foi legítima”, afirmou.