Tucanos rebatem discurso de Dilma e derrubam tese de “golpe”: “Ilegítimo é o ato que ela cometeu”
Brasília (DF) – Com um discurso previsível e repetitivo, a presidente afastada Dilma Rousseff apresentou sua defesa na manhã desta segunda-feira (29), no quarto dia de julgamento do impeachment, que chega em sua fase final no Senado Federal. Em depoimento que durou cerca de 46 minutos, a petista declarou mais uma vez ser vítima de um “golpe” de Estado e que não cometeu os crimes de responsabilidade pelos quais é acusada.
No pronunciamento, Dilma relembrou seu sofrimento no período de ditadura militar e disse ser “honesta”, “vítima das elites e da chantagem” do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A petista reiterou também que “jamais” renunciaria ao mandato.
O deputado federal Miguel Haddad (PSDB-SP) afirmou que a presidente afastada comete um sofisma ao apresentar a mesma retórica sem se aprofundar nos temas alvo do processo. “Ela fala em golpe em um processo que temos o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) presidindo os trabalhos no Senado. O crime está caracterizado pelas pedaladas fiscais, essa maquiagem que ela fez durante esses últimos anos, mais especificamente em 2015. O impeachment está previsto e vem sendo respeitado pelo seu rito, prosseguimento e a consistência jurídica, então é uma retorica, um argumento de quem está praticamente no seu ultimo ato”, afirmou.
Na avaliação do tucano, o discurso de Dilma não mudará em nada o cenário que deve levar ao afastamento da petista. “A presidente vem muito mais para deixar seu registro para a História, para sua biografia do que para convencer os senadores e a nação de que não houve pedaladas, de que não houve maquiagem em relação ao processo contábil que nos produziu à maior crise econômica da história do país dos últimos 50 anos”, ressaltou.
No pronunciamento, Dilma afirmou que o regime presidencialista do Brasil não prevê que, se o presidente perder a maioria dentro do Congresso, o mandato deve ser cassado. Segundo ela, “não é legitimo” afastar o chefe de estado por não concordarem com o conjunto da obra e “só o povo” pode fazer isso. Para o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP), as afirmações de Dilma são apenas o “choro do desesperado”.
“O que quer dizer a palavra legítimo senão de acordo com a lei? O que a presidente fez foi afrontar a maior lei do pais, que é a constituição brasileira. Ilegítimo é o ato que ela cometeu ao fazer as pedaladas fiscais, a realizar a publicação de suplementos orçamentários sem autorização do congresso nacional. Isso sim é golpe contra a constituição, o resto é apenas palavras de ordem para pensar e explicar e ver se ainda existe algum petista que acredite nessa versão”, declarou.
Projeto de poder
Durante o discurso, Dilma também disse que defendeu a Constituição em seu mandato e jamais agiu contra a democracia. Ela reiterou não lutar pelo seu mandato por “vaidade” ou “apelo ao poder”, e sim pelo bem-estar dos brasileiros.
De acordo com Nogueira, se a presidente lutasse pelo povo, ela deveria aceitar o julgamento legítimo e constitucional do seu afastamento e “ir para casa”. “Ela tem que repensar os métodos e os estilos de governo que o PT utilizou até hoje e que acabou com o Brasil. Vão refletir pelo mal que fizeram e deixem no comando outras pessoas que querem realmente trabalhar pelo país, que têm de fato um projeto para o Brasil e não se preocupam apenas com um projeto de poder”, concluiu.