Tucanos rebatem discurso de Lindbergh: ‘PT não tem legitimidade para falar de reforma agrária e miséria’

Imprensa - 26/01/2017

forapt FOTO ITVBrasília (DF) – Um ato político organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) nesta quarta-feira (25), em Fortaleza, foi o palco escolhido por parlamentares petistas, representantes de movimentos sociais e centrais sindicais para um evento supostamente em defesa da reforma agrária, dos direitos sociais e da democracia. Diante de lideranças como o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, os senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e José Pimentel (PT-CE), o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) fez um inflamado discurso, atribuindo ao MST “autoridade moral para ajudar a organizar a resistência” e conclamando a militância a se unir contra um governo que “vai trazer miséria”.

“É preciso unir a esquerda. Estamos vivendo a segunda ofensiva do neoliberalismo, mas ela não vai se sustentar por muito tempo, pois vai trazer miséria. É ilusão achar que vamos promover uma reforma pelo Senado. É preciso encher as ruas”, afirmou o petista. As informações são de reportagem publicada nesta quinta-feira (26) pelo portal da Agência Brasil.

Os deputados federais Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) e Nilson Pinto (PSDB-PA) rebateram prontamente as declarações de Lindbergh. Para os tucanos, após 13 anos de governo petista e todas as heranças negativas deixadas na economia, na política e na área social, o PT não tem autoridade ou legitimidade para dizer que outro governo trará ‘miséria’ aos brasileiros.

“O curioso é que o PT teve 13 anos à frente do governo federal e não fez a reforma agrária. O curioso é que o PT ficou à frente do país durante todo esse tempo e não fez o que esse discurso propaga: não tirou o Brasil da miséria. Fez o contrário: deixou para trás uma crise econômica de enormes proporções, milhões de desempregados e escândalos de corrupção. É, de fato, algo de se estranhar”, ressaltou Cunha Lima.

O deputado Nilson Pinto ironizou a presença em peso de líderes petistas em um evento em defesa da reforma agrária, sendo que, durante os anos em que os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff ocuparam o Palácio do Planalto, pouco foi feito no setor.

“A população brasileira precisa ter clareza de algo que é absolutamente cristalino. O Brasil é um país enorme, com mais de oito milhões e 500 mil quilômetros quadrados. No seu território cabem todos os países europeus juntos. Você olha para a Europa e pega um país como a Alemanha, com um território mínimo e uma população de 80 milhões de habitantes. Lá não tem sem-terra. Você olha para a França, com uma densidade demográfica muito grande, muita gente em um território pequeno, e lá não tem sem-terra. Se olhar para os países europeus todos, não tem sem-terra. E no Brasil, que é um país gigantesco, com uma população relativamente pequena para o tamanho do território, você encontra esse fenômeno chamado sem-terra”, explicou.

“A existência dos sem-terra no Brasil é uma demonstração inequívoca da incompetência do governo do PT, que em 13 anos, com tanta terra disponível, não conseguiu assentar essa população. Pelo contrário, utilizou a população dita sem-terra para formar milícias rurais, para defender um projeto de poder espúrio que felizmente foi derrotado. O PT não tem legitimidade nenhuma para tratar da questão agrária, porque em 13 anos de incompetência, não conseguiu resolver um simples problema, incomparavelmente menor do que o de qualquer país europeu, por exemplo, onde essas coisas já estão resolvidas há muito tempo”, destacou o tucano.

Desrespeito e ignorância

O parlamentar também criticou o trecho da fala de Lindbergh em que o petista diz que é uma ilusão acreditar que reformas podem ser feitas no Senado, tentando incitar a militância a “encher as ruas”.

“O discurso do senador, dizendo que a questão agrária se resolve nas ruas, nas cidades, é crime hediondo, é pura desfaçatez. O problema de reforma agrária se resolve com assentamentos, se resolve no campo, com competência, com política de reforma agrária correta, direcionada para resolver o problema, e não para transformar os sem-terra em militantes da causa petista. O PT não tem legitimidade. O discurso do senador é um discurso que tenta escamotear a incompetência petista, e não deve ser levado à sério, tamanha a sua desfaçatez”, constatou Pinto.

Nilson Pinto ainda classificou a declaração não só como exemplo de desrespeito às instituições, mas, acima de tudo, de ignorância.

“É tentar enganar a população. No Brasil, não há espaço para um problema de sem-terra, a não ser que ele seja patrocinado pelo governo federal como foi pelo PT. O espaço legítimo para se resolver, tanto a reforma agrária como a questão da economia, é na legislação, pelo Congresso Nacional e pelas políticas do governo federal. Dizer isso é enganar a população. Não é apenas desrespeito ao Senado, ao Congresso, é desrespeito à inteligência da população brasileira”, completou o deputado.

Leia AQUI a íntegra da reportagem da Agência Brasil.

X
26/01/2017