Tucanos rechaçam estratégia de Lula de se autointular como “pobre coitadinho”

Notícias - 25/04/2017

Brasília (DF) – A cada evento público que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, surge uma nova oportunidade para o líder petista se colocar como mártir e tentar descreditar as investigações da Operação Lava Jato, em que é réu em três ações penais. Nesta segunda-feira (24), durante seminário organizado pelas bancadas do PT na Câmara e no Senado, Lula afirmou que está sendo “massacrado” dia e noite, acusou a mídia e os investigadores da força-tarefa de perseguição, ironizou as denúncias contra si e, mais uma vez, tentou se colocar como a vítima da história.

“Eu não sou de reclamar, mas ninguém aguenta. São quase 18 horas de Jornal Nacional tentando massacrar esse pobre coitadinho que veio de Garanhuns”, disse o petista. “Está na hora de parar o falatório e mostrar prova. Quero que saibam que estou com muita vontade de brigar e de fazer a boa briga”, acrescentou. “Não vou virar as costas para vocês para não verem a quantidade de chibatadas que levei”.

O cinismo das declarações de Lula foi rechaçado por parlamentares tucanos. “Desde o início, quando defendemos publicamente o fim do governo corrupto do PT, tínhamos a convicção de que Dilma e Lula sabiam de todos os esquemas corruptos que tomaram conta do governo e das campanhas deles”, ressaltou o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP).

Em entrevista ao blog O Antagonista, Sampaio destacou que uma das principais razões para os brasileiros terem apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi “a necessidade de dar um basta na bandalheira do PT”.

Destruição de provas

No seminário petista, o ex-presidente Lula também chegou a dizer que ninguém deseja prestar depoimento mais do que ele, e alegou que as citações feitas a ele por delatores da Lava Jato, em especial o ex-presidente da construtora OAS, Léo Pinheiro, foram obtidas sob “pressão” para incriminá-lo. Em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, Pinheiro revelou que, em maio de 2014, Lula pediu a ele que destruísse todas as provas sobre o pagamento de propinas ao PT.

“(Vejam) o que fizeram em cima do Leo… O cara já está condenado a 26 anos. Temos de ter claro como as coisas acontecem. Desse jeito, o cara fala até da mãe”, tentou justificar o petista. “Quero comparecer (ao depoimento) porque é a primeira grande oportunidade que eu não vou ser atacado pelas revistas e televisões. Eu vou ter, de viva voz, o direito de me defender”, arrematou Lula, único nome forte cogitado pelo Partido dos Trabalhadores para concorrer à Presidência da República em 2018, apesar de correr o risco de se tornar inelegível pela Lei da Ficha Limpa.

Líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC) avaliou que a acusação de destruição de provas feita pelo ex-executivo da OAS contra o petista “é gravíssima”. “Não bastasse isso, o delator confirmou que o tríplex sempre foi do ex-presidente. Definitivamente, um péssimo dia para quem insiste em se dizer perseguido pela mídia e pela Justiça”, completou, em sua página no Facebook.

Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.

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25/04/2017