Um ano após tragédia em Mariana, ONU diz que medidas adotadas pelo governo de Minas são “insuficientes”
Brasília (DF) – Peritos da Organização das Nações Unidas (ONU) fizeram um apelo, nesta sexta-feira (04), para que as autoridades brasileiras tomem medidas imediatas para solucionar os “impactos ainda persistentes do colapso letal” causado pelo rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Samarco, na região de Mariana e Bento Rodrigues. Segundo a entidade, as respostas do governo de Minas Gerais, comandado pelo petista Fernando Pimentel, e das empresas implicadas na tragédia, considerada o maior acidente ambiental da história do estado, têm sido “insuficientes”.
O rompimento da barragem, que matou 19 pessoas e destruiu a fauna e flora da região, causando danos irreparáveis à bacia do Rio Doce, completa um ano neste sábado, dia 05 de novembro. Ainda assim, os peritos da ONU identificaram que diversos estragos não foram tratados ou solucionados, entre eles o “acesso seguro à água para consumo humano, a poluição dos rios, a incerteza sobre o destino das comunidades forçadas a deixar suas casas”. As informações são de reportagem publicada no portal da revista Veja.
O relatório ressaltou que, “após um ano, muitas das seis milhões de pessoas afetadas continuam sofrendo”, constatando que “as medidas que esses atores [governo e empresas] vêm desenvolvendo são simplesmente insuficientes para lidar com as massivas dimensões dos custos humanos e ambientais decorrentes desse colapso, que tem sido caracterizado como o pior desastre socioambiental da história do país”.
O deputado federal Otavio Leite (PSDB-RJ) destacou que as gestões do governador Fernando Pimentel e da ex-presidente Dilma Rousseff falharam ao não reconhecerem sua parcela de culpa pela falta de políticas de fiscalização e prevenção de acidentes ambientais.
“Tanto o governo estadual quanto o ex-governo federal foram frágeis nessa questão. É preciso exigir mais providências concretas, do contrário, vamos prosseguir ainda vivendo os efeitos de uma hecatombe”, disse. “Vivemos um momento na história da humanidade que, ou o homem enfrenta para valer os seus desafios de corrigir os erros, ou a humanidade chegará ao caos. Não há saída. O drama de Mariana é uma ilustração muito clara dessa hecatombe que está por vir. É preciso que as medidas sejam tomadas com muito rigor. Até hoje, a empresa causadora desses danos não tomou as iniciativas que são imprescindíveis, e mais, ainda não sabemos a dimensão maior do alcance desses prejuízos materiais e, sobretudo, ambientais”, avaliou o tucano.
Vale lembrar que, após o rompimento da barragem, o governador Fernando Pimentel chegou a dar entrevistas defendendo as mineradoras envolvidas, dizendo que era cedo para apontar os responsáveis. O descaso com o sofrimento dos moradores da região não ficou restrito à esfera estadual. A então presidente da República, a petista Dilma Rousseff, demorou sete dias para finalmente visitar o local da tragédia, limitando-se a sobrevoar a área em um helicóptero.
Já quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi conduzido coercitivamente pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos sobre a Operação Lava Jato, a petista foi à São Bernardo do Campo (SP) para prestar solidariedade apenas um dia depois.
Risco de impunidade
A ONU exigiu uma resposta direta das empresas envolvidas, e se disse preocupada com os “efeitos adversos” que algum dos termos do acórdão entre o governo e as empresas possam provocar no direto das populações de acesso à justiça. Existe também o receio de que mais rejeitos possam atingir as regiões afetadas após o início da temporada de chuvas.
“Destacamos ainda as conclusões do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), indicando que os esforços das empresas envolvidas – Samarco, Vale e BHP Billiton – para deter os contínuos vazamentos de lama da barragem de Fundão, no Estado de Minas Gerais, estejam sendo insuficientes”, alertou o texto.
Para Otavio Leite, “o Brasil precisa acordar”. “Todos, de alguma maneira, devem contribuir para que as gerações futuras não sofram das consequências dessa violência ao meio ambiente, em especial todos aqueles que vivem nessas regiões que foram violentadas pelo crime ambiental perpetrado na questão de Mariana”, completou o parlamentar.
Leia AQUI a íntegra da reportagem publicada no portal da revista Veja.