Um ano após tragédia, Justiça aceita denúncia contra empresas e 22 pessoas por desastre em Mariana
Brasília (DF) – Passado um ano da tragédia que matou 19 pessoas e dizimou a fauna e a flora da bacia do Rio Doce, o rompimento da barragem de rejeitos do Fundão, em Mariana (MG), a Justiça enfim começa a apontar os responsáveis pelo maior desastre ambiental da história brasileira. Segundo reportagem desta sexta-feira (18) do portal G1, a Justiça Federal em Ponte Nova aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 22 pessoas e as empresas Samarco, Vale, BHP Billiton e VogBR.
No dia 5 de novembro de 2015, a barragem de rejeitos de minério da mineradora Samarco se rompeu, destruindo o distrito de Bento Rodrigues e diversas localidades, chegando a mais de 40 cidades do Leste de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Além dos homicídios de 19 pessoas, os réus responderão pelos crimes de inundação, desabamento, lesão corporal e crimes ambientais. A Samarco, a Vale e a BHP Billiton são acusadas de nove crimes ambientais. De acordo com o MPF, os acusados poderão ir a júri popular e, caso condenados, deverão cumprir penas de prisão que podem chegar até 54 anos, além do pagamento de multa de reparação pelos danos causados ao meio ambiente e às vítimas.
Para o deputado estadual João Leite (PSDB-MG), as consequências da tragédia em Mariana não se restringem à esfera ambiental; os prejuízos também foram de ordem econômica e social.
“A gente vê a situação com preocupação porque temos a questão ambiental muito séria em Mariana e, ao mesmo tempo, estamos vivendo, na cidade e na região, um desemprego muito grande. Faltou, durante esse tempo, a presença do governo federal passado, que não acompanhou a situação, e do governo do estado de Minas Gerais, governado pelo PT, que não fez a devida fiscalização, não fez o devido acompanhamento, trazendo grande prejuízo ambiental e econômico para Minas Gerais, e também prejuízo social, em relação à questão do emprego na região”, destacou.
O parlamentar lamentou a falta de uma resposta rápida para o problema. Após o rompimento da barragem, o governador Fernando Pimentel chegou a dar entrevistas defendendo as mineradoras envolvidas, dizendo que era cedo para apontar os responsáveis. Já a então presidente da República, Dilma Rousseff, demorou sete dias para finalmente visitar o local da tragédia, limitando-se a sobrevoar a área em um helicóptero.
“Os órgãos ambientais, tanto da União quanto do estado de Minas Gerais, falharam no acompanhamento de barragens muito grandes, e com grande potencial de tragédia ambiental. Creio que, além dos responsáveis, o grande erro foi dos órgãos fiscalizadores, que falharam nesse acompanhamento”, constatou.
João Leite acrescentou que resta agora ao governo do presidente Michel Temer instituir e aprimorar políticas de prevenção de desastres ambientais, ignoradas pelas gestões petistas, e tão necessárias para evitar esse tipo de acidente no futuro.