Um chute na corrupção

Notícias - 07/09/2000

O Brasil vive grandes transformações. A economia vence sucessivos desafios e vai reencontrando a expansão; a educação prepara a cidadania e 96% das nossas crianças já têm escola; setores essenciais como o da saúde e o das comunicações rompem o tabu do atraso e inserem o País na modernidade. Mas os avanços conquistados pelos brasileiros quase sempre são relegados ao segundo plano da mídia. Se os escândalos dão “ibope“, opta-se por destacar a corrupção e desconhecer todos os méritos. Justo seria o equilíbrio, mas menos mau, pior era quando a censura ou conivência colocavam toda sujeira debaixo do tapete.
É certo que parte da classe política fomenta mais a baixaria que o debate político. Isso é lamentável e pode até comprometer as instituições. Mas não se deve desconhecer a integridade dos verdadeiros homens públicos, e esses sabem que a discussão ética que passará o Brasil a limpo tem instâncias e momentos certos, como, por exemplo, as CPI“s do Narcotráfico e dos Medicamentos, ações da sociedade civil como a OAB move em São Paulo e os processos movidos por instituições como o Ministério Público.
E no meio do acalorado debate, surge o desabafo de Pelé, brasileiro que o mundo aclamou Atleta do Século: “Estou cansado dos escândalos entre políticos, empresários e gente do futebol, estou com vergonha do Brasil“.
O presidente Fernando Henrique solidarizou-se com o seu ex-ministro dos Esportes: “é preciso punir os corruptos, mas a punição não é ao arbítrio do presidente, cabe aos tribunais“. Outro tucano de peso, o governador paulista Mário Covas, concorda com o conteúdo das afirmações, reparando-as apenas na forma: “Eu não tenho vergonha do Brasil e nem vejo o País como algo de que não faça parte. O Brasil somos todos: o Pelé, eu e mais 150 milhões“.
Escalando-se para o jogo bruto que discute a corrupção, Pelé acabou produzindo um lance que revela a evolução e o fortalecimento da democracia nacional. Afinal, uma frase que lhe atribuem há mais de vinte anos pontuava a política do País: “o brasileiro não sabe votar“. Hoje ele já pode afirmar que “o povo deve reagir com o voto“. O PSDB nasceu acreditando nisso, na reação do voto popular como força legítima para revolucionar os costumes, limpar a política e fazer um Brasil cada vez melhor.
Chutar a corrupção sempre foi o jogo PSDB e o desabafo de Pelé é um reforço ao time tucano, que joga a favor da ética debatendo a política com responsabilidade e, sobretudo, praticando a moralidade com o presidente Fernando Henrique, os governadores, ministros, prefeitos e parlamentares do Partido.

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07/09/2000