Vice-procuradora geral pede exoneração após ser vista participando de protesto contra Temer
Brasília (DF) – A vice-procuradora geral da República, Ela Wiecko, pediu exoneração do cargo após a divulgação de um vídeo em que ela aparece participando de um ato contra o presidente Michel Temer e a favor da ex-presidente Dilma Rousseff, em Portugal. A descoberta foi feita pelo portal da revista “Veja”. A demissão foi aceita pelo procurador-geral Rodrigo Janot, que deve agora definir um sucessor.
O ato contra o presidente Temer ocorreu em junho. Em vídeo publicado pela TVT, emissora ligada à Central Única de Trabalhadores (CUT) e mantida pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Ela aparece segurando um faixa em que estavam escritas as frases “Fora, Temer” e “Contra o golpe”.
Reportagem publicada nesta quarta-feira (31), pelo jornal O Globo, lembrou que, como vice-procuradora geral, Ela Wiecko atuava em processos da Operação Lava Jato, que tramitam no Superior Tribunal de Justiça (STJ). À revista Veja, a procuradora declarou não ver problemas em ter participado da manifestação política.
Para o deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF), a manifestação da procuradora foi antiética.
“É totalmente antiética esse tipo de colocação. Pessoas que estão à frente de um processo, como ela, não deveriam emitir nenhuma manifestação, nenhuma posição política neste momento. Ela foi muito infeliz. A gente vê muitos casos, decisões e comportamentos que são estranhos exatamente em função disso: as pessoas colocam a sua posição pessoal acima dos interesses ou da isenção que deveriam ter”, avaliou o tucano.
O parlamentar destacou que a manifestação de Ela Wiecko mostrou incompatível com o cargo que ocupava, na Procuradoria-Geral da República, e com os processos dos quais era responsável, ligados à cúpula petista e à Lava Jato.
“No caso específico dela, tinha que sair mesmo. Tinha que ser exonerada, tinha que sair do cargo, porque a manifestação que ela fez é incompatível com a função de vice da Procuradoria. Também não adianta não se manifestar e conduzir os processos com imparcialidade. É outra preocupação que tenho, esse tipo de posicionamento”, completou o deputado.
Vale lembrar que, no início do mês, o marido de Ela Wiecko, Manoel Volkmer de Castilho, foi exonerado do gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, onde trabalhava como assessor técnico, após assinar uma petição de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O abaixo-assinado defendia o direito de o petista recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), e dizia que Lula era vítima de “ataques preconceituosos e discriminatórios” nas investigações em primeira instância da Operação Lava Jato, conduzidas pelo juiz federal Sérgio Moro.
Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal O Globo.