Violência urbana, caso de polícia

Notícias - 02/06/2000

A violência urbana, perigosamente agravada pela delinqüência relacionada ao tráfico de drogas, é hoje um dos mais graves problemas nacionais, a exigir do Estado ação urgente e eficaz. Permanente ameaça à vida, à família e à sociedade, a associação do crime e da droga carrega tantas variáveis de desvios individuais, sociais e até políticos, que exige a mais absoluta seriedade no seu trato. Portanto, sair desse enfoque, ou acenar com soluções fáceis e miraculosas, constitui um desserviço público.
Idéia velha e recorrente, a utilização do Exército Brasileiro no combate à violência urbana é novamente sacada como solução prática e imediata. Na verdade, ela apenas fala fácil ao senso comum, confundindo a opinião pública. Como associa-se o Exército à força e ordem, é simples defendê-lo como solução para um mal que exige combate duro e rigoroso. Mas isso é minimizar a complexidade tanto do problema, que é a violência nas suas causas e desdobramentos, quanto da solução, no caso o Exército, uma estrutura de missão e valores rígidos e sedimentados numa cultura castrense que é milenar.
O Exército tem uma hierarquia complexa, própria para a missão da defesa nacional e da promoção da paz, com contigentes recrutados e renovados periodicamente. Já o combate à violência urbana e ao narcotráfico é tarefa para estruturas mais ágeis, formadas por policiais profissionais, preparados para combater bandidos. E não se diga que o Exército carece de razão ou trabalho, num País de tão vastas fronteiras e com uma Amazônia inteira para defender.
Reestruturar as polícias, inovar métodos e meios de combate ao crime organizado, definindo claramente as competências dos estados, da União e dos municípios nesse desafio, são medidas indispensáveis. As ações urgentes que o problema exige, cabem aos governos estaduais, naturalmente apoiados pelo Governo Federal.
Quem não militou na resistência democrática, talvez não se lembre do apelo popular pelo retorno dos militares aos quartéis, com o que já se defendia a permanência do Exército no cumprimento da sua missão constitucional. O combate à violência urbana, sem dúvida, é caso de polícia.

X
02/06/2000