Vítimas da crise e pobreza, venezuelanos buscam trabalho e refúgio no Brasil

A onda migratória de venezuelanos que vieram ao Brasil para fugir da crise econômica ganhou força e os imigrantes do país vizinho agora estão à procura de trabalho. Eles estão lotando a superintendência da Polícia Federal em Boa Vista (RR), na tentativa de regularizar a documentação no Brasil para conseguir emprego. Só nos primeiros meses de 2017, mais de mil venezuelanos pediram refúgio, e outros cinco mil aguardam para entregar a documentação. A situação no país governado por Nicolas Maduro se agravou em 2014, com a queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, e com a instabilidade política instalada.
O deputado federal Miguel Haddad (PSDB-SP), que foi membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara em 2016, vê o movimento migratório como uma das únicas alternativas que os venezuelanos possuem diante dos problemas no país vizinho.
“É natural que as pessoas tentem buscar um local melhor, tentem uma vida de melhor qualidade para eles e para seus filhos. Então essa imigração que está acontecendo é natural, mas também é reflexo de uma ditadura, de perseguições políticas e de uma situação financeira e um quadro econômico insustentável.”
Um estudo de uma universidade venezuelana mostra que a pobreza atinge hoje 81% das casas do país, onde faltam itens básicos, como alimentos e remédios. E para acolher no Brasil quem está pedindo ajuda, a Polícia Federal montou uma força-tarefa. Miguel Haddad observa que, apesar da boa vontade em receber os venezuelanos, o Brasil possui uma estrutura limitada para isso, o que pode acarretar em desdobramentos.
“O Brasil sempre acolhe, é muito receptivo e solidário. Mas isso nos traz uma série de desdobramentos. Amplia a crise de desemprego, porque são pessoas que vem em busca de uma colocação no mercado de trabalho; aumenta os problemas relacionados à habitação, pois são pessoas que não tem aonde permanecer. Então há uma série de desdobramentos que o país sofre.”
A Organização dos Estados Americanos (OEA) admite que a Venezuela vive uma situação crítica, principalmente no âmbito político. O secretário-geral da OEA afirma que o país é duramente afetado por um esquema de perseguição e violação dos direitos humanos.