“O Estado brasileiro é um produtor de crises porque é perdulário e inchado”, avalia Elias Gomes em entrevista
Recife (PE) – Em entrevista ao jornal Folha de Pernambuco, publicada nesta segunda-feira (31), o vice-presidente do PSDB no Estado, prefeito Elias Gomes, avaliou que o estado brasileiro é um “produtor de crises porque é perdulário e inchado”. O tucano acredita que a população brasileira já assimilou o momento difícil que o país atravessa, o que se reflete nos altos índices de reprovação à presidenta Dilma (PT) e ao seu governo.
Elias Gomes disse que percebeu o “envelhecimento” precoce do governo Dilma já na ocasião de sua posse. “Não deu outra. E o Brasil está pagando caro”, reforçou. Além da crise política, o vice-presidente do PSDB-PE reconhece o agravamento da “crise ética” que tomou conta da política brasileira. Mas lembra que é pela da política que se tem Democracia. “O que não pode dar certo é a política que nasce da vontade pessoal”, frisou, em referência à decisão do ex-presidente Lula de lançar Dilma à sucessão.
Abaixo alguns trechos da entrevista:
“O Brasil é um produtor de crises, porque o Estado brasileiro é perdulário e inchado. E Jaboatão não é uma ilha. Temos uma repartição tributária muito desigual. E há uma política de subfinanciamento das políticas públicas. Então, você tem, na Saúde, um financiamento muito aquém do que o município tem que ter para prestar os serviços que presta e conseguir melhorar a qualidade. Na Educação, o Brasil também discute muito a pouca participação da União e Governo Federal no financiamento do setor. Na área de infraestrutura, Transporte e Mobilidade também. Quando a crise vem, primeiro ela aperta mais o cinto para você manter os serviços. E a consequência maior da crise, onde o município não tem onde interferir é na questão do desemprego.”
“Acredito que a população tem uma maior dificuldade de compreender, num primeiro momento, a crise. Mas depois, vai assimilando. Por que é que a popularidade de Dilma caiu tanto e atingiu Lula, que não está no poder? Porque a população está compreendendo que se cometeram erros políticos e no campo ético. A população vê que se gastou e desviaram bilhões de reais. Que fizeram maus negócios com o dinheiro público, como o BNDES, financiando empreendimentos externos para favorecer empreiteiras e gerar empregos lá fora, mas não resolveu o problema da Saúde, que é cada vez mais grave. Não resolveu o problema da Mobilidade Urbana. O Brasil não tem o direito de dizer que não resolveu estas questões por falta de recursos. Não fez por falta de governança.”
“Pouco antes de a presidente Dilma assumir o segundo mandato, já sentia que este governo estava envelhecido. Não deu outra. Crise, riscos de impeachment, de cassação pelo TRE e de renúncia. A pressão é muito grande. Agora, o Brasil está pagando caro. Se a presidente pensasse um pouco, chamaria todo mundo e faria um governo de transição, com um ministério de notáveis, reduziria o tamanho dessa máquina e convocaria as eleições para 2016.”
“A política em si não é um mal. Uma prática e um exercício fundamental para a democracia. Se queremos a democracia, devemos querer política. Porque fora da política é intervenção militar, é nomeação de interventor. O problema está na qualidade da política que se pratica. Inclusive, pensando bem, na qualidade da decisão do presidente Lula. Dilma não foi nem sequer candidata anteriormente. Foi tirada do colete de Lula. Esta não é uma política que pode dar certo. Porque a política não é algo que nasce da vontade pessoal. Para governar um País é preciso ter não só o conhecimento da política, como a ciência da liderança. É preciso ter capacidade de articulação, de diálogo com a população, de distinguir o que é apoio a qualquer custo, o que é o velho loteamento de cargos, e o que é construir uma base aliada fundamentada em critérios políticos e gerenciais.”
*Do portal PSDB-PE