O peso da má gestão: metade das principais obras da Petrobras dará prejuízo quando entrar em operação
Brasília (DF) – O fundo do poço ao qual a gestão da presidente Dilma Rousseff conduziu a Petrobras pode estar ainda mais longe do que se imaginava. Isso porque, segundo uma fonte próxima da estatal ouvida pelo jornal O Globo, quase metade dos projetos de investimento iniciados pela empresa na segunda metade da década passada dará prejuízo quando entrar em operação. A direção da Petrobras deve agora decidir se gasta mais para concluir as obras ou se abandona os projetos.
A reportagem publicada nesta sexta-feira (08/04) por O Globo sobre o assunto revela que o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), no Rio de Janeiro, a refinaria Abreu e Lima e o complexo Petroquímico Suape, em Pernambuco, as refinarias Premium I e II, no Maranhão e Ceará, e diversos projetos de biocombustíveis já somam prejuízos de US$ 50 bilhões. Só a Abreu e Lima e o Comperj representaram perdas de US$ 34 bilhões aos cofres da estatal.
A má gestão e os escândalos de corrupção que tomaram a Petrobras fazem com que a companhia seja obrigada a gastar mais recursos para terminar as obras, ou assumir os prejuízos e abandonar os empreendimentos. Vale destacar que a maioria dos projetos está envolvida no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. De acordo com relatórios de 2014, os 59 maiores projetos da estatal tiveram redução de US$ 45 bilhões na sua previsão de rentabilidade futura: de US$ 109 bilhões, o valor caiu para US$ 64 bilhões. A Petrobras também chegou a aprovar investimentos de US$ 26 bilhões em uma refinaria e dois complexos petroquímicos, mesmo tendo sido informada com antecedência que não dariam retorno.
O analista Flávio Conde, do site WhatsCall, afirmou ao jornal que “desde 2010, os analistas do mercado já alertavam que os excessivos investimentos não eram compatíveis com o retorno esperado”.
Para o diretor de Operações da FN Capital, Paulo Figueiredo, decisões desse tipo evidenciam o uso político da Petrobras. “Aprovar projeto que se sabia que daria prejuízo prova que a Petrobras era usada como instrumento político. Agora todos os projetos devem ser revistos, e os investimentos devem ser direcionados para os que mostrem um pouco mais de rentabilidade”, completou.