“O problema da economia brasileira não está mais em trocar o ministro da Fazenda e do Planejamento, tem que trocar a presidente Dilma e tirar o PT do poder”, diz Hauly
O mercado financeiro tem mesmo motivos para ter reagido com desconfiança a posse do novo ministro da Fazenda, diante do risco de continuidade da política econômica adotada pelo governo Dilma, que levou o país à recessão. Em sua breve passagem pelo Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa tinha a função de reduzir o custo da máquina administrativa, mas os resultados foram modestos diante das dimensões do buraco nas contas do governo petista. Segundo levantamento do próprio Planejamento, as despesas classificadas como de custeio administrativo caíram apenas 4,2% (descontada a inflação). De R$ 35,1 bilhões em 2014 passou para R$ 33,6 bilhões nos 12 meses encerrados em novembro.
Ao longo do ano, foram tomadas medidas para conter gastos como compras de carros, locação de imóveis, além da redução de encargos em contas de água, esgoto, luz e telefone, serviços de limpeza e vigilância, diárias, passagens aéreas e gasolina. No entanto, outras não saíram do papel, como o prometido corte de 3 mil cargos comissionados.
Para o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), a dupla Joaquim Levy e Nelson Barsosa, quando eram ministros da Fazenda e do Planejamento (respectivamente), tinham uma gigantesca dificuldade chamada Dilma Vana Rousseff, o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula: “O problema da economia brasileira não está mais em trocar o ministro da Fazenda e do Planejamento, tem que trocar a presidente Dilma e tirar o PT do poder. Se não tirar, nenhum ministro, ‘nem pintado de ouro’, e nem o prêmio Nobel de economia vão resolver o problema da economia brasileira e das finanças públicas do governo federal”.
Segundo o tucano, qualquer tentativa de ajuste fiscal para diminuir despesas esbarra exatamente no populismo, na demagogia e na incompetência da presidente Dilma e de seu partido. “Quem não deixou fazer os ajustes, as mudanças que o país necessitava e precisa foi a própria presidente Dilma e seu partido. Eu até que vi boas intenções dos dois ministros em tentar fazer mudanças, cortes nas despesas, mas os esforços do Barbosa e Levy foram em vão. O país afundou, entramos na recessão e, no fim do ano, chegamos à depressão da economia, algo que não se ouvia falar há décadas. O Brasil, realmente, vive um drama, um momento muito difícil na sua economia, na política e também nos outros setores ético e moral”.
De acordo com matéria da Folha de S.Paulo desta quarta-feira (23), fora a dificuldade de racionalizar contratos pulverizados entre ministérios, autarquias e fundações, a economia obtida por Barbosa no Ministério do Planejamento não sofreu muita diferença para um governo cujos desembolsos deverão superar as receitas em mais de R$ 50 bilhões neste ano. Sem contar, que esse déficit (que não considera pagamentos de juros da dívida pública), pode chegar a R$ 120 bilhões caso o Executivo decida regularizar compromissos remanescentes de anos anteriores.
“Entramos em um círculo negativo, uma espiral que leva o Brasil para baixo, o decréscimo da economia pode chegar a 4% negativo neste ano, enquanto que o mundo vai crescer mais de 3%, a China e a Índia vão crescer mais de 7%. Hoje, a Folha traz um cálculo de que o custo deste ano perdido no país pela presidente Dilma e PT chega a R$ 240 bilhões, ou seja, quase 5% do PIB brasileiro perdidos em apenas um ano. E são cálculos ainda preliminares”, destacou Hauly, ressaltando que “o grande culpado da situação brasileira, que deverá continuar, é a presidente Dilma e o seu partido que tem os piores quadros de todos os tempos na administração pública do país”.
Gestão no Planejamento
O então ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, até implantou algumas proibições, como para a compra de novos veículos e novas despesas com aquisição, locação e reforma de imóveis. Entretanto, mesmo com a compra direta de passagens aéreas, feita sem a intermediação de agências de viagens, a presidente Dilma e seu staff não abriram mão do luxo. Em tempos de recessão econômica e cortes de gastos, apenas com aluguel de carros e hospedagem da petista e de sua comitiva presidencial em Paris – onde desembarcou no último dia 28 de novembro para participar da Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP-21) – custaram R$ 35 mil por dia aos cofres públicos.
Na área de recursos humanos, a inexpressiva redução de gastos foi obtida, basicamente, com a concessão de reajustes salariais abaixo da inflação ao funcionalismo federal. Conforme matéria da Folha, de janeiro a outubro, os gastos com pessoal somaram R$ 192,5 bilhões, em valores corrigidos – queda de apenas 2% (R$ 3,9 bilhões) em relação ao mesmo período do ano passado.
Já na área de gestão, a presidente Dilma, mesmo que a contragosto, concordou em reduzir o número de ministérios de 39 para 31, ainda assim os cargos comissionados continuam a todo vapor e o velho critério de contratação: “os companheiros”. Ao contrário do ex-ministro Levy, Barbosa defende um ajuste mais gradual, se baseando também na reforma de grandes despesas, como na previdência, além da volta da CPMF.