“O PSDB é oposição e pronto”
Presidente Sérgio Guerra, em entrevista ao Brasil Econômico, reafirma compromisso do partido
Presidente Sérgio Guerra, em entrevista ao Brasil Econômico, reafirma compromisso do partido
Brasília (16) – O PSDB reuniu nesta quarta-feira, em Maceió (AL), seus oito governadores eleitos e reeleitos em outubro, na primeira de uma série de encontros que vão se repetir ao longo dos mandatos, com o mesmo objetivo: o trabalho de discussão, cooperação e integração entre seus governadores, as bancadas do Senado e Câmara, mais as estruturas partidárias.
O objetivo desse fórum permanente é a troca de experiências e melhores práticas dos governantes entre si, o que no futuro reafirmará a diferença das administrações do PSDB com as de outros partidos, assim como o fortalecimento e a atualização das estruturas e posicionamentos do partido face à evolução do Brasil nos últimos anos.
Após o encontro, em entrevista, o presidente do PSDB resumiu diversos pontos, principalmente no que se refere ao papel que cada instância representará. Para Sérgio Guerra, não há dúvidas em relação ao que farão os governadores – “ a defesa dos interesses dos seus Estados e das populações, cooperando em todos os níveis executivos, sem distinção partidária ”. Ou seja, os governos do PSDB não vão discriminar nenhum munícipio em função de partidos políticos, assim como cobrarão o mesmo tratamento do futuro governo federal.
A postura do PSDB permitirá que seus representantes nas Câmaras de Vereadores, Assembléias Legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal, tenham autonomia, independência e representatividade para manter um trabalho de fiscalização permanente e republicano sobre as iniciativas e práticas administrativas do próximo governo federal. Sem espaço para dúvidas sobre o papel do partido como o principal representante da oposição brasileira.
A seguir a entrevista do presidente do PSDB ao jornal Brasil Econômico:
Aécio Neves fala em refundar o PSDB. Como será esse processo?
SG – Não é questão de refundar. Essa palavra é muito ampla. A questão é modernizar o partido. O termo certo é outro. A agenda que os governadores empreenderam nesta quarta-feira girou em torno de dois focos: a colaboração entre os Estados – ou seja, a ação entre eles mesmos – e providências para a organização partidária. Eles (governadores) vão se reunir a cada 3 meses em um fórum permanente de governadores. Haverá um processo de colaboração intenso com as bancadas e os governos. Divergências e convergências serão discutidas no Fórum.
O que precisa mudar no partido?
SG – Todos concordam que é preciso fazer uma reforma no partido e atualizar o programa e as estruturas. Há uma demanda em relação à qualidade de comunicação do partido, que é ruim. O PSDB precisa se comunicar melhor nos governos e fora deles. Vamos, ainda, instalar uma estrutura de pesquisas de opinião pública. Vamos fazer um partido mais nacional, dar mais unidade ao discurso.
Até quando vai o seu mandato na presidência do PSDB?
SG – Termina no final de maio de 2011.
Pretende continuar no cargo? José Serra é cotado?
SG – Não há consenso em torno de meu nome, nem foi feita essa discussão. Não conheço a ideia de Serra assumir a presidência do PSDB, mas ele pode assumir qualquer presidência. Isso não está sendo discutido nem por nós, nem por ele.
Como os governadores farão para conciliar o papel de ser oposição e, ao mesmo tempo, manter uma boa relação com o governo federal para conseguir recursos?
SG – Os governadores não vão liderar o processo de oposição. Quem vai cumprir esse papel serão os parlamentares e os quadros do partido. Mas a palavra deles será simétrica.
A oposição a Dilma será mais contundente que a feita no governo Lula?
SG – No que tange à oposição, não existe essa história de ser mais magra, agressiva ou moderada. O PSDB será oposição e pronto.
A ideia de fusão com o DEM está descartada?
SG – Isso não foi pensado, nem seria o caso. Não tratamos disso aqui (em Maceió). Aliás, a direção do partido jamais discutiu uma fusão como DEM.
Com vê a movimentação de Gilberto Kassab rumo ao PMDB e, consequentemente, à base de Dilma?
SG – Pelo que sei, isso não está confirmado. Não trabalho sobre hipóteses. O Gilberto Kassab vai continuar respirar a mesma atmosfera que vem respirando.
O PSDB pretende antecipar a escolha do candidato à Presidência em 2014?
SG – Nós concordamos que discutir candidato agora é uma agenda que não nos interessa. Vamos deletar esse debate. Mas é evidente que o partido não vai ficar sem resolver no tempo adequado quem será o nosso candidato à Presidência. A nossa agenda é não nos dividirmos em torno disso.
Como avalia a escolha dos ministros de Dilma até agora e o processo de transição?.
SG – A escolha dos ministros da Dilma Rousseff é uma esquizofrenia total. Estamos vivendo momentos deprimentes da Nova República. Isso me lembra muito situações de tempos atrás, da época da morte de Tancredo que pegou todos de surpresa.