Órgãos do governo do Pará modificam rotinas para reduzir custos

Estado, governado pelo tucano Simão Jatene, pretende reduzir os gastos da máquina administrativa em R$ 80 milhões

Acompanhe - 25/04/2016

 Incentivadas pelo decreto de número 1513 do Governo do Pará, publicado no início deste mês, que traz um pacote de medidas de contenção a serem adotadas diante do cenário de crise vivido em todo o país, com vistas a reduzir os gastos da máquina administrativa em R$ 80 milhões, as secretarias estaduais empreenderam uma força-tarefa para cortar despesas. As mudanças passam por adequações aparentemente simples, mas que garantem uma economia considerável no orçamento dos órgãos da administração direta e indireta.

Na Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa), as medidas começaram antes mesmo de o Decreto Governamental prevendo redução de custos ser publicado. Desde janeiro, está sendo adotado um programa de economia de energia, que tem por base a redução do horário de almoço para apenas uma hora e a antecipação do horário de saída dos servidores para as 17 horas. A economia foi percebida na avaliação dos gastos do mês de fevereiro, que foram reduzidos em 20% na comparação com o mesmo período do ano passado. A medida manteve seu efeito mesmo com a ampliação das instalações da Fundação de três para cinco andares.

Além da economia de energia, a direção da Fapespa também incentiva ações ambientalmente sustentáveis, como a redução do consumo de papeis e descartáveis. “Embora pareçam irrelevantes sob o ponto de vista da gestão, a adoção de medidas comos essa, que incentiva a utilização mais racional do papel, impactam expressivamente nas despesas. “De uma única árvore se fabrica 20 resmas de papel. Cada indivíduo é responsável por um consumo anual médio de 40 resmas (presentes nos mais diversos fins, como documentos, boletos, itens de limpeza, etc), o que significa dizer que duas árvores precisam ser destruídas para atender esse consumo. Agora, se pensarmos na quantidade de pessoas no mundo que consomem papel talvez consigamos perceber o impacto que isso causa ao meio ambiente”, justifica Iloé Azevedo, diretor de Pesquisas e Estudos Ambientais da Fundação.

A ordem agora é reduzir ao máximo a impressão de conteúdos. Um exemplo disso são os barômetros, estudos sobre sustentabilidade que são produzidos regularmente pela Fapespa, e que passaram a ser divulgados de forma online, assim como outros informativos e documentos.

O projeto ambiental da Fapespa também prevê a substituição dos copos plásticos por canecas, que serão entregues aos 120 funcionários. Com essa iniciativa, além do ganho ecológico a Fundação busca reduzir em até mil reais por mês os gastos com descartáveis. “Acredito que todas as Secretarias já têm esse senso comum, o que falta apenas é colocá-lo em prática”, reforçou Iloé Azevedo. A estimativa, entre redução de custos com materiais, energia elétrica e renegociações com fornecedores de serviços é que a Fapespa passe a economizar 17.663 mensais com tudo isso.

A mudança de costumes incentivada pelo uso das canecas está sendo bem aceita pelos funcionários do orgão. “Algumas pessoas podem ter uma certa dificuldade para se acostumar com isso no início, mas é preciso despertá-las para a importância dessa atitude, porque só há benefícios com isso”, aposta a estagiária de Comunicação Arize Dolzane.

Na Junta Comercial do Pará (Jucepa), a meta é diminuir em 20% os custos em todos os setores, no período de um ano. Para isso, foi convocada uma reunião emergencial com todos os funcionários, na primeira segunda-feira após a publicação do Decreto Governamental. A Jucepa criou a campanha “Junta Consciente”, que prevê a economia de material, energia, água e telefone, por meio do uso de canecas em vez de copos plásticos, reaproveitamento de folhas de papel e uso racional da luz. O elevador do órgão, por exemplo, passou a funcionar somente das 8h ao meio-dia e as ligações telefônicas foram substituídas pela comunicação online. “Se cada servidor e cada secretaria fizerem a sua parte, vamos conseguir manter as contas equilibradas diante dessa crise” , acredita Cilene Sabino, presidente da Jucepa.

A secretária Marcíria Tavares trabalha na Jucepa há seis meses e trouxe de casa o hábito de usar uma caneca para economizar o uso de copos descartáveis. “Fico feliz em ver que meus companheiros de trabalho passaram a adotar esse hábito, que eu já trouxe de outros lugares. Bom saber que todo mundo está mais consciente”, diz ela. Já Claudio Canelas, que trabalha no setor de administração da Junta Comercial do Pará, “adotou” uma garrafa plástica, que traz todo dia de casa, armazenada em uma bolsa térmica. “Espero que meu hábito sirva de exemplo e as pessoas possam ajudar, tanto na economia quanto sob o aspecto da consciência ambiental”, reforçou o servidor. Com a adoção das medidas, a direção do órgão estima uma economia de R$ 305 mil nos próximos nove meses.

Outro órgão também vem implementando ações de contenção desde o início do ano. A Procuradoria Geral do Estado passou a distribuir canecas personalizadas aos seus servidores. Até agora, cerca de 300 já foram entregues e também deverão ser enviadas às regionais de Brasilia, Marabá e Santarém. A iniciativa, da Procuradoria Ambiental e Minerária (PAM) do órgão, foi prontamente encampada pela Diretoria Administrativo-Financeira.

Além do uso racional de copos plásticos, a Procuradoria Geral adotou outras medidas como a otimização das viagens, a renegociação de contratos de locação de imóveis pertencentes à PGE e a digitalização de processos para reduzir os gastos com papel.

De acordo com a Gerência de Material e Patrimônio, a previsão para este ano é de uma economia de R$ 13 mil com as despesas recorrentes. Somente com a campanha para adoção das canecas já acarretou em uma redução de 335 pacotes de copos plásticos comprados em março do ano passado, contra 25 adquiridos este ano. “Se continuarmos caminhando junto com as demais secretarias nesse sentido, de reduzir os custos, tenho certeza que conseguiremos enfrentar essa crise sem tanta turbulência como vem acontecendo nos outros estados”, disse José Augusto Figueiredo, procurador geral adjunto administrativo.

*Do portal do governo do Pará

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25/04/2016