“Os Mais Pobres querem o impeachment”, por Eduardo Sol
Segundo o Ibope, entre aqueles que ganham até um salário mínimo, 68% querem o impeachment. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 75% são favoráveis ao impedimento, já o percentual de mulheres chega a 70%, enquanto o dos homens bate 65%.
O PT não tem argumentos sólidos que justifiquem qualquer defesa no sentido de permanecer. Tentam, no desespero, vencer através da construção de um discurso tão audacioso quanto desonesto: o do “golpe”.
Não é a primeira vez que petistas recorrem a este artifício. Na época do mensalão, as prisões por crime de formação de quadrilha viraram “prisões políticas”.
E, agora, um dispositivo constitucional respaldado pela vontade da maioria dos brasileiros vem sendo chamado de “golpe da elite branca, conservadora e de direita”. Mas não é isso que os números mostram. E fica difícil sustentar esse discurso – provavelmente bolado por algum marqueteiro milionário apontado na operação Lava Jato.
Os programas sociais estão acabando. Para 2016 tivemos um corte de 74% no Programa Minha Casa Minha Vida; 40,1% no Brasil Sem Miséria; 88% na verba para a construção de creches e menos 66% no Brasil Carinhoso; redução de 62% no Ciência sem Fronteira e de 59% no Pronatec.
Passando à economia, mastigamos o amargo recorde do pior PIB dos últimos 25 anos; estamos assistindo 282 pessoas ficarem desempregadas por hora no Brasil. E o ano de 2015 acabou com a maior perda de postos formais em 24 anos (1,5 milhão de vagas).
Sentimos no bolso a renda sumir com uma inflação chegando a dígitos que marcaram caóticos períodos históricos, com alimentos aumentando em alarmantes 148%, como a cebola; ou a conta de energia elétrica subindo em 50%.
Passando a Petrobras, vimos nossa maior estatal voltar a níveis de 1999 em valor de mercado, chegar a meio trilhão de reais em endividamento e demitir 40% de seus funcionários desde o início da Lava Jato. Dos 170 mil demitidos, 35 mil integravam o tão esperado Pólo Petroquímico de Itaboraí, no Rio de Janeiro, que mudou o curso de milhares de vidas em torno de uma cidade e, hoje, amarga o apelido de complexo fantasma.
Até a corrupção, de tão sistêmica, ganhou números extraordinários no Governo do PT: em dois anos de operação Lava Jato, a Polícia Federal calcula um prejuízo de até 42 bilhões de reais. E não há como uma nação não sentir isso no bolso, na mesa e no coração.
E o que argumenta o Governo? Vejamos algumas colocações de deputados governistas ao longo da comissão que analisou a instalação do processo de impeachment.
“O que impossibilita a Petrobras de crescer é a Operação Lava Jato”. “Crime de responsabilidade é diferente de crime de responsabilidade fiscal”. “O impeachment é golpe da elite. A população brasileira não vai deixar acontecer”.
De tão inverossímeis, essas frases soam até toscas. E, sobretudo, elas deixam claro que não há o que argumentar, apenas discursos mentirosos a construir. Discursos que já não mantém bases políticas; que já não reverberam na opinião pública. E que estão longe de calar uma voz que – ao contrário do que eles dizem – ecoa em todo o país, especialmente em favelas e comunidades pobres: Fora PT!
*Eduardo Sol, doutor em Geografia e secretário-geral do PSDB-RJ