Para cobrir rombo, governo avalia venda de R$ 20 bilhões em ativos do sistema Eletrobras
Brasília (DF) – O ministro das Cidades, Bruno Araújo, disse nesta segunda-feira (27) que o governo federal avalia vender até R$ 20 bilhões em ativos do sistema Eletrobras para tentar cobrir o rombo do setor elétrico. O valor se refere à participação das empresas do sistema da estatal em 174 Sociedades de Propósito Específico (SPEs) criadas para a construção de hidrelétricas e termelétricas, entre outros. A afirmação foi feita após reunião dos ministros da área de infraestrutura com o presidente em exercício, Michel Temer, no Palácio do Planalto.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo desta terça (28), essas sociedades, que podem ou não ter a participação de empresas privadas, têm a possibilidade de serem vendidas sob regras específicas. Segundo o ministro, o governo vai avaliar o momento certo para fazer a privatização, cujo objetivo é reduzir o buraco nas contas do setor elétrico, estimado em R$ 34 bilhões.
O deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) acredita que a medida é “boa” e tem o intuito de tirar o país da situação “catastrófica” deixada pela presidente afastada, Dilma Rousseff. “O PT descapitalizou e quebrou a dinâmica do setor, que é tão importante para a economia. Para resolver o problema, além de reverter as ações equivocadas no campo da legislação feitas pelo governo anterior, é necessário equacionar as dívidas, que foram se avolumando pelo subsídio dado pelo Tesouro Nacional”, afirmou.
Na avaliação do tucano, o cenário de desestruturação do setor elétrico se dá em razão do “desastre político-econômico” causado pela medida provisória que Dilma instituiu, baixando o valor da conta de luz e depois repassando na integra à sociedade brasileira. “Isso simplesmente desintegrou o setor. Mais uma vez, o governo, de forma equivocada, tentou resolver uma situação grave com um golpe de caneta”, criticou.
Durante a reunião, não foi informado quais participações, que envolvem fatias em usinas e linhas de transmissão, poderiam eventualmente ser vendidas à iniciativa privada. “Esses ativos estariam à disposição para reduzir o impacto do endividamento (da estatal), mas seria considerado o devido momento econômico, de liquidez, e o momento do país, para que esses ativos, sendo passados à iniciativa privada, o sejam da melhor forma”, disse Araújo a jornalistas.
As SPEs são sociedades montadas pela Eletrobras com outras empresas para tocar projetos específicos, que vão de grandes hidrelétricas a parques eólicos e linhas de energia. Segundo a reportagem, os R$ 20 bilhões mencionados pelo ministro referem-se apenas à soma das participações da estatal nas SPEs, e não ao valor total das sociedades.