Para empresários, Dilma não tem mais condições de recuperar confiança do país, mas Temer seria capaz
Empresários ouvidos pelo jornal Valor Econômico afirmaram que a presidente Dilma Rousseff não tem a mínima condição de recuperar a confiança do Brasil. Para eles, o aprofundamento da recessão econômica e da crise política impede a petista de retomar o crescimento do país. Além disso, os empresários consideram que o grande desafio para Dilma seria, no caso de escapar do processo de impeachment, buscar uma coalizão política para ter governabilidade – o que seria praticamente impossível diante do acirramento nos últimos dias. No entanto, lideranças de vários setores da economia brasileira acreditam em mudanças com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), mesmo tendo pela frente um caminho árduo para que volte a atrair investimentos para o país.
Para o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN), a confiança que ainda existia no governo se exauriu em função dos atos e omissões praticados pela presidente ao destruir todos fundamentos macro-econômicos alcançados a tão duras penas nas últimas décadas. “Isso gerou um efeito extremamente nocivo para a economia brasileira e de perda de confiança. É evidente que o cristal se quebrou. A presidente Dilma é prisioneira de um espectro ideológico que encara o empresariado como predadores e não como parceiros do desenvolvimento, quando na verdade se você não tem empresa, não há emprego”.
Embora o processo de impeachment da presidente Dilma esteja ainda em andamento, os empresários já vêem o futuro do país com mais otimismo, segundo a reportagem do Valor. A expectativa é de mudanças na condução da política econômica do país.
O tucano concorda com empresariado e aponta duas expectativas para o início de um governo Temer. A primeira seria medidas de curto prazo, como diminuir o tamanho de governo com cargos comissionados e ministérios, mostrando austeridade e cortando na “própria carne”. E, em seguida, seria apresentar à nação um programa de reformas estruturantes, implementadas no médio e longo prazo, para acenar ao mercado e investidores que há um ambiente de negócio seguro no país e tentar restabelecer os fundamentos perdidos durante os governos petistas.
De acordo com o jornal, as medidas prioritárias elencadas pelos empresários seriam rever os gastos públicos e fazer o ajuste fiscal para criar condições de o país voltar a crescer. Além disso, arregimentar pessoas com capacidade técnica para assumir ministérios, retomar a industrialização do país (abaixo de 10% do PIB na última década), implantar reformas política, tributária e da Previdência, e acelerar programas de incentivos à exportação – visto como crucial para compensar a recessão interna. “Há uma enorme necessidade da simplificação do modelo tributário no país, que hoje tem três entes federados que disputam a arrecadação. Precisamos refundar o Pacto da Federação, redividir suas responsabilidades e recursos e, ao mesmo tempo, desonerando a carga tributária que oprime o crescimento do país”, completa o deputado.