Para Jutahy e Arthur Bisneto, cancelamento de verbas para quem votou pelo impeachment confirma “balcão de negócios” de Dilma
O cancelamento da liberação de recursos negociados com deputados que acabaram votando a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff comprova o “balcão de negócios” instalado pelo Planalto para tentar salvar o mandato da petista. De acordo com matéria do jornal Folha de S.Paulo, o Ministério do Turismo anulou, na última segunda-feira (2), o total de R$ 15,9 milhões já empenhados, cujas destinações haviam sido acertadas entre os dias 11 e 15 de abril, às vésperas da votação do afastamento da petista na Câmara, que ocorreu dia 17.
Segundo a Folha, os recursos estavam distribuídos entre seis municípios das regiões Norte e Nordeste. No entanto, houve também o cancelamento de R$ 1,7 milhão destinado a Tocantins. Mesmo que os recursos não tenham sido carimbados como “emendas parlamentares”, as verbas foram negociadas pessoalmente pelos deputados com a cúpula da pasta e as datas dos empenhos coincidem com o período em que o governo atuou intensamente para tentar barrar a aprovação impeachment pelos parlamentares – como mostra o Portal da Transparência.
Para o deputado federal Jutahy Magalhães Jr. (PSDB-BA), o PT perdeu todos os escrúpulos e cada novo fato como este demonstra que o partido sempre jogou no ‘vale-tudo’ e na perspectiva da impunidade. “Nada mais surpreende. E esse caso é mais um entre milhares de ações que transformaram as atividades políticas do PT num grande ‘balcão de negócios’. Isso envolve claramente a presidente, os ministros, o [ex-presidente] Lula, e eles já foram desmoralizados.”
A Folha conseguiu mapear as indicações e a maioria dos cortes do Turismo teve como alvo integrantes do PMDB, mas há filiados a outras siglas que também foram favoráveis ao afastamento de Dilma na lista. Um exemplo é o deputado Hissa Abrahão (PDT-AM), que fez indicações de recursos para as cidades de Borba (AM) e Japurá (AM) e cada prefeitura deveria receber R$ 1,56 milhão para “apoio a projetos de infraestrutura turística”. O dinheiro acabou cancelado para quem votou a favor do impeachment.
Assim como Jutahy, o deputado federal Arthur Bisneto (PSDB-AM) também concorda que o cancelamento da verba empenhada pelo Ministério do Turismo confirma a existência de um balcão de negócios para barrar o impeachment na Câmara.
“O governo fez de tudo para que a Câmara participasse de um esquema pesado de compra de votos e aliciou um por um daqueles que eles achavam que poderiam estar na oposição, mas apoiariam eles. Todos sabemos que a prática desse governo de comprar o Congresso com cargos comissionados e ministérios aconteceu ao longo desse governo e desde o governo Lula. Então, era natural que eles tentassem, na beira do precipício, se salvar comprando consciência”, afirmou.
Artur Bisneto também disse que as mesmas “figuras” que negociaram no “balcão de negócios” do governo sabiam que iriam colocar suas carreiras políticas em risco. “Esse foi o verdadeiro sentido da tentativa do governo de tentar comprar essas pessoas”, disse o tucano.