Para Rodrigo de Castro, projeto de Serra para o pré-sal recupera “orgulho” dos brasileiros pela Petrobras após anos de corrupção
Considerada uma das maiores empresas do mundo até poucos anos atrás, hoje a Petrobras convive com um cenário que se mostra desanimador. Entre os desafios que a empresa tem pela frente estão uma enorme dívida, que já está na casa dos R$ 450 bilhões, a desconfiança do mercado – assim como o Brasil, a petrolífera perdeu seu selo de bom pagador nas três principais agências de classificação de risco do mundo –, a recessão econômica enfrentada pelo próprio país e uma queda brusca do preço do barril de petróleo em todo o mundo.
Diante desse cenário, o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG) vê como fundamental para a recuperação econômica da Petrobras a aprovação do projeto elaborado pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), que muda as regras de exploração do pré-sal. Concebido no tempo em que o tucano cumpria seu mandato de senador pelo estado de São Paulo, o projeto prevê o fim da obrigação de que a Petrobras seja a operadora única do pré-sal. A proposta de Serra, que deve ser votada pela Câmara em julho, também acaba com a necessidade de a estatal ter uma participação obrigatória de, no mínimo, 30% dos consórcios.
“A Petrobras, efetivamente, não tem condições de tocar sozinha o projeto do pré-sal. Então, nós temos uma grande riqueza submersa a que os brasileiros não têm acesso. Essa proposta do ministro é uma proposta moderna, que defende os interesses do Brasil, e que permite que os brasileiros efetivamente possam aproveitar o pré-sal”, destacou o tucano.
Corrupção
Como se não bastassem os efeitos da má gestão petista na estatal, a Petrobras ainda foi destruída pelo maior escândalo de corrupção da história do país, o petrolão, cujos tentáculos ainda estão sendo descobertos pela Operação Lava Jato.
Na visão de Rodrigo de Castro, que presidiu a Comissão de Minas e Energia instalada na Câmara no ano passado, a soma de todos males causados à Petrobras nos últimos anos não explica apenas o momento sombrio vivido pela estatal atualmente, como também revela o motivo pelo qual a exploração do pré-sal, que já foi considerada essencial para o futuro do país, vem sendo tão subaproveitada.
“A empresa, até pela combinação de dois fatores altamente tóxicos durante a gestão petista – um, a corrupção endêmica, e o outro, a má gestão – se encontra em uma situação de bastante debilidade em termos de caixa. Além disso, a presidente Dilma impôs uma lei do petróleo totalmente arcaica, desmontando todo um arcabouço legal herdado de Fernando Henrique, um arcabouço moderno, para dotar um modelo estatizante. E, no momento em que o preço do petróleo baixou, essa combinação de fatores praticamente inviabiliza o pré-sal hoje”, argumentou o parlamentar mineiro.
Novos rumos
Para Rodrigo de Castro, a mudança no comando da Petrobras e as investigações realizadas pela Polícia Federal no âmbito da Lava Jato resolvem dois dos três principais problemas enfrentados pela petrolífera. A aprovação do projeto de Serra seria, na avaliação do deputado, a parte que ainda falta no processo de reconstrução da empresa.
“Desse tripé maléfico para a empresa, dois tópicos já estão revistos, que é justamente a questão da gestão – hoje nós temos um executivo de primeiro mundo lá, que é o Pedro Parente – e a questão também das regras da empresa, que agora com essa apuração [Lava Jato], com todos os cuidados que estão sendo tomados, a gente entende que tem tudo para ser sanada”, disse.
“O que falta, agora, é a outra ponta desse tripé, que é o arcabouço legal. E esse projeto do ministro resolve essa outra ponta, para aí sim a gente ter de volta a Petrobras que a gente sempre se orgulhou: uma empresa competitiva, uma empresa saneada, e uma empresa que efetivamente preste um serviço à nação”, encerrou o deputado.