Pesquisas em Porto Velho ganham destaque internacional

O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), comemora o reconhecimento internacional de pesquisadores da Maternidade Municipal Mãe Esperança. Pesquisas realizadas por médicos e residentes são aprovadas pela Universidade de Coimbra, em Portugal. As publicações serão divulgadas durante o congresso internacional, em junho, e também na revista científica Acta Médica.
Um dos trabalhos é o relato de caso sobre corioangioma da placenta, um tumor que surgiu na placenta de uma paciente. Os profissionais do hospital conseguiram salvar a mãe e o bebê, que nasceu prematuro.
“Trata-se de uma patologia rara, que impede as trocas placentárias da mãe para o feto e muitas vezes leva a uma complicação grave, podendo ocasionar a morte do feto ou parto prematuro”, afirmou a ginecologista e obstetra Maria da Conceição Ribeiro Simões, coordenadora da Comissão de Residência Médica da maternidade – que divide a autoria do trabalho com a colega médica Larissa Wrobel.
A relevância do caso é por se tratar de uma doença rara e que não tem como tratar. “Fazemos apenas o acompanhamento com os cuidados necessários tanto para a mãe quanto para o feto. Com o parto prematuro a placenta é retirada e elimina-se o tumor”, ressaltou Maria da Conceição Simões.
A ginecologista e obstetra teve outro trabalho aprovado em parceria com a médica Pâmela Pimentel, que está no 3º ano de residência. Elas pesquisaram sobre a incidência de malária na gestação no Hospital de Base dr Ary Pinheiro, do ano 2013 a 2016. Foi feito um levantamento de quantas gestantes adquiriram malária nesse período e foram internadas.
“Malária na gestação gera gravidez de alto risco, parto prematuro, abortamento, óbitos fetais e anemia na mãe. Nesse trabalho foram levantadas as formas mais frequentes de malária – vivax e falciparum – bem como as consequências para o recém-nascido”, disse Maria da Conceição Simões.
Além de Pâmela Pimentel, mais duas residentes tiveram suas pesquisas aprovadas: Fernanda Mello, também do 3º ano do programa de Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade Municipal Mãe Esperança e Adriana Ribeiro Ramalho, médica residente do 2º ano.
Fernanda pesquisou a má formação do feto em uma paciente que contraiu chikungunya no primeiro trimestre de gestação, que também estava internada no Hospital de Base Ary Pinheiro. “A gravidez culminou com ventriculomegalia (dilatação do ventrículo) e calcificação intracraniana do feto. O estudo mostra que a chykungunya também pode causar má formação no feto”, concluiu.
A pesquisa realizada por Adriana Ramalho também foi sobre os efeitos da malária em gestantes. Ela apresentou relato de caso de uma paciente internada no HB que contraiu malária vivax duas vezes durante a gestação. “A malária causa gestação de alto risco e nesse caso, para complicar ainda era mais, a mãe também foi acometida de bronquite asmática, mas o bebê nasceu bem”, observou a médica.
Maria da Conceição Simões considera os trabalhos de grande importância e base para qualquer profissional da área. Servem ainda como referencial para pesquisas futuras. “Isso também significa levar o nome da maternidade e de Porto Velho para fora do Brasil. Mostrar que aqui tem pessoas que são capazes de desenvolver trabalhos científicos que se tornam fontes de pesquisas para o Brasil e o exterior”, afirmou.
Programa
O programa de residência médica na maternidade Mãe Esperança teve início em 2013. Ele é um programa de pós-graduação que forma médicos especialistas em ginecologia e obstetrícia e está ligado ao Ministério da Educação através da Comissão Nacional de Residência Médica. A residência dura três anos, sendo que anualmente é autorizada a entrada de quatro médicos para se especializar.
Todo ano tem quatro profissionais no 1º, 2º e 3º ano de residência. Para ingressar no programa o médico tem que passar em concurso público. A primeira turma formou em 2015, a segunda em 2016 e a terceira em fevereiro de 2017. “Já colocamos no mercado sete médicos especialistas. Isso porque no começo não entraram quatro médicos ao ano. Hoje, o hospital conta com doze médicos em formação, quatro em cada período”, informou.
*Clique aqui para ler a reportagem completa.