“Daqui a pouco vão dizer que ele não era nem vice da Dilma”, ironiza tucano diante de questionamento do PT sobre Temer
Brasília (DF) – A legalidade pregada pelo PT, em meio a tramitação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, muda de acordo com sua conveniência. Diante da possibilidade de o vice-presidente Michel Temer assumir a vaga de Dilma, os petistas iniciaram uma campanha questionando a legitimidade do peemedebista para assumir o comando do Palácio do Planalto. A falta de coerência do PT foi duramente criticada pelo deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT).
“O PT e o governo Dilma não têm respeito nem pudor e, acima de tudo, não respeitam a nossa Constituição, não respeitam o Brasil. Só o que eles respeitam é o seu regimento e o que é de interesse partidário deles, mais nada. Eles têm o Brasil como apenas um anexo do PT, e não o contrário. O fato é que tudo que eles falarem não vai surpreender. Daqui a pouco vão dizer que o Michel Temer não era nem vice deles, vão falar que é o Brasil que tem uma interpretação equivocada da Constituição”, ironizou.
Para Nilson Leitão, “o PT vai atacar a mãe deles, se a mãe deles atrapalhar o seu projeto”. E acrescentou: “Eles não têm pudor, não têm respeito à lei, não têm coerência com a história deles. Perderam o respeito a tudo. Qualquer um que significar perigo ou contrapor a posição deles estará em linha de tiro. Eles são guerrilheiros, agem como guerrilheiros, e não têm limite para o ataque a qualquer um e de qualquer forma”.
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira (30/03) mostra que, após reunião com a presidente Dilma, o ministro-chefe do gabinete pessoal da petista, Jaques Wagner, afirmou que a relação do governo com o vice-presidente Michel Temer passou a ficar “interditada” e, em tom de ameaça, disse que o peemedebista teria dificuldades caso assumisse a Presidência porque não teria a mesma “legitimidade do voto”.
O que a gestão petista parece esquecer, no entanto, é que Temer, como representante da chapa de Dilma Rousseff, foi eleito à vice presidência da República com a mesma legitimidade dos 54 milhões de votos que conduziram Dilma a seu segundo mandato.
Do ponto de vista legal, divergências entre um presidente e seu vice também não altera as prerrogativas que cada um deles adquiriu em razão da eleição: ambos continuam ocupando seus cargos, mesmo que passem a militar em campos políticos opostos. A história traz exemplos como o de Aureliano Chaves, que em 1984 rompeu com João Figueiredo (1979-1985) e se alinhou à oposição, e o de Itamar Franco, que em 1992 se distanciou de Fernando Collor.
Para o deputado Nilson Leitão, o ataque aberto que o PT faz a um ex-aliado revela a verdadeira natureza do partido. “Não adianta, é como você discutir com um psicopata. O PT perdeu o limite, perdeu também toda a razão, então não há porque debater com eles. Temos apenas que focar no impeachment, fazer acontecer. Se a legislação diz que, com a presidente afastada, quem assume é o vice, vai ser cumprida a Constituição. A partir daí, vamos resgatar o Brasil dos brasileiros, não o Brasil desse PT que transformou o país em um quintal do partido deles”, completou o parlamentar.