PT omite verdade no caso Celso Daniel
O assassinato do ex-prefeito de Santo André segue sem esclarecimento após mais de dez anos da ocorrência. Denúncias recém apresentadas envolvem integrantes do alto escalão dos governos Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. PSDB cobra uma solução para os fatos

Brasília– O assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, completou dez anos sem que a verdade sobre o crime fosse esclarecida. O PT, partido do ex-prefeito, trata a ocorrência como um crime comum – por esta hipótese, Daniel seria apenas mais uma vítima da violência das grandes cidades. Mas indícios existentes desde a época do assassinato e reforçados por outras denúncias apontam que o ex-prefeito teria sido morto por se recusar a cooperar com um esquema de desvio de verbas, que privilegiaria o próprio PT e outros nomes de destaque dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, como o ministro Gilberto Carvalho e o ex-ministro José Dirceu.
O irmão de Daniel, Bruno, fez novas denúncias, nas quais afirmou que Carvalho e o ex-ministro José Dirceu encabeçariam o sistema de arrecadação de verbas públicas para campanhas eleitorais do PT. Bruno Daniel disse, em entrevista ao Jornal da Band, que Carvalho teria explicado a ele como levava dinheiro do esquema para José Dirceu, ex-ministro do governo Lula e à época, presidente do PT. As quantias seriam transportadas por Carvalho em seu veículo particular e repassadas diretamente a Dirceu, que ficaria encarregado de aplicá-las nas campanhas petistas.
Segundo os promotores que atuam no caso, a motivação para o assassinato de Daniel foi a negativa do ex-prefeito em permitir que os petistas utilizassem o dinheiro do esquema para fins particulares. Roberto Wider Fiho, promotor ouvido pela reportagem da Band, afirmou que o ex-prefeito mantinha quantias expressivas de dinheiro em seu apartamento.
“É triste ver que tanto o PT quanto a presidência da República parecem querer se esconder quando se fala deste assunto. Há personalidades importantes acusadas, gente que integra o governo Dilma e integrou o governo Lula. Um esclarecimento preciso se faz mais que necessário”, afirmou o presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE).
Uma preocupação que surge em relação ao caso diz respeito à possibilidade de prescrição. Entre os mais de dez anos que separam o crime dos dias atuais, apenas uma pessoa foi julgada pela ocorrência. Outras sete pessoas com algum grau de envolvimento com o crime morreram, em circunstâncias ainda não esclarecidas.
Confira, abaixo, a reportagem do Jornal da Band.