PT transformou a EBC em ‘braço operacional de uma ação política e ideológica’, avalia Otavio Leite

Acompanhe - 04/05/2016

otavio-leite4Brasília (DF) – Às vésperas da votação do impeachment no Senado, que pode determinar o seu afastamento do cargo por 180 dias, a presidente Dilma Rousseff acaba de fazer mais uma nomeação: a do jornalista Ricardo Melo como diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A escolha de Dilma ocorre no mesmo momento em que uma eventual gestão do vice-presidente Michel Temer avalia que serão necessárias mudanças bruscas na política de comunicação do governo, com o enxugamento dos custos da empresa e do orçamento para publicidade das estatais.

O deputado federal Otavio Leite (PSDB-RJ) contestou a nomeação próxima do impeachment e lembro que, há anos, a EBC não tem desempenhado a sua função como empresa de comunicação pública. Em vez disso, a instituição adotou uma finalidade completamente política, reproduzindo o discurso do governo vigente.

“É lamentável que desde o governo Lula, a EBC, na verdade antiga Fundação TVE Roquete Pinto, tenha sido objeto de um aparelhamento ideológico e político muito grave. Fugiu completamente ao seu papel de ser uma instituição da cultura que atue de maneira plural”, afirmou.

“Do ponto de vista dos resultados hoje produzidos na EBC, a mínima audiência alcançada mostra a incompetência do governo e o péssimo caminho que é transformar uma instituição que tem que servir ao país, independente do governo, passando a ser um braço operacional de uma ação política e ideológica. É mais um capítulo da tragédia do governo Dilma e Lula”, avaliou.

Atualmente, a EBC possui 2.300 funcionários nas redações da Agência Brasil, TV Brasil, Portal EBC, Canal NBr e mais oito rádios, incluindo a Nacional e a MEC. A cobertura jornalística da empresa virou alvo de críticas até mesmo de setores internos. Durante o processo de impeachment, por exemplo, a ouvidoria da empresa foi acionada contra a hierarquização de notícias relativas ao PMDB, partido de Temer.

Em março desse ano, a diretoria mandou cortar a transmissão do debate do impeachment na Câmara para transmitir um ato político do ex-presidente Lula no Rio de Janeiro. A cobertura das manifestações contra Dilma no dia 13 de março também foi criticada. No dia 13, a TV Brasil transmitiu 2h30 de protestos. Já nos dias 17, 18 e 31 de março, em que houveram atos a favor do governo, a cobertura total foi de 12h30.

Viés político

Otavio Leite criticou o fato de a presidente Dilma Rousseff, já nos últimos suspiros de seu governo, produzir mudanças nos quadros da EBC “com o mero objetivo de contemplar companheiros e iniciativas meramente políticas”. Vale ressaltar que o jornalista Ricardo Melo, nomeado para o cargo de diretor-presidente da empresa, é um defensor ferrenho do governo petista, chegando a se referir à oposição como “conduzida por golpistas declarados, antipetistas virulentos e derrotados incorrigíveis” em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo.

O deputado também ressaltou as contradições da empresa quando se trata de finanças. Enquanto a maioria dos servidores ensaiam constantes movimentos de greve, os próprios empregados da EBC reclamam dos privilégios dados a um seleto grupo de funcionários, entre servidores de carreira e comissionados, que recebem salários que chegam a R$ 32 mil.

“É preciso repensar completamente o papel da EBC, porque hoje ela não está mais atingindo os objetivos, justamente em função desse tipo de prática, que afasta a população”, destacou o parlamentar. “Ainda mais gastando valores altíssimos, em termos do custeio de toda essa operação que se constitui em fazer de um espaço de comunicação um instrumento da máquina política do PT, o que, finalmente, em breve nós vamos sepultar”, completou Otavio Leite.

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04/05/2016