Reajuste do salário mínimo para R$ 600 é prioridade para oposição

Mas governo quer conceder uma ampliação de apenas R$ 538,15

Acompanhe - 03/11/2010

Mas governo quer conceder uma ampliação de apenas R$ 538,15

Brasília (03) – Passado o período eleitoral, o Congresso Nacional retoma suas atividades já com a proposta para o Orçamento do próximo ano em pauta. O aumento do salário mínimo de R$ 510 para R$ 600 será uma prioridade para a oposição nesse retorno. A defesa do reajuste, segundo o senador Alvaro Dias (PR), é uma questão de coerência.

“Nós (a oposição) temos que sustentar a coerência, sobretudo, porque o partido e o candidato defenderam que esse mínimo é possível. Existe a viabilidade e é preciso cobrar do governo. Aliás, na relação custo-benefício, ganha a população e o próprio governo”, afirma. Para ele, o reajuste implicará no poder de compra da população.

A proposta de elevação do salário mínimo foi tema defendido durante a campanha presidencial. Estudo de economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que é possível elevá-lo para R$ 600 a partir do próximo ano.

Porém, a proposta enviada pelo governo federal é modesta e prevê um salário mínimo no valor de R$ 538,15. Relator do Orçamento de 2011, o senador Gim Argello (PTB-DF), aliado da presidente eleita Dilma Rousseff (PT), descarta o reajuste de R$ 600. Ele admite a possibilidade de ampliar o valor para, no máximo, R$ 550 já em 2011, a depender do aval de Dilma, que tem defendido um valor menor.

Alvaro Dias condena o que ele classifica de insensibilidade do governo federal. “O reajuste do salário mínimo beneficiará o conjunto da sociedade brasileira. No entanto, o preço a se pagar é a redução de gastos correntes, eliminando despesas supérfluas. Cortar de um lado para viabilizar a adoção do salário mínimo”, afirma.

O senador tucano, no entanto, é cético e tem dúvida se a presidente eleita irá atender a uma demanda prioritária para a população. “Resta saber se a presidente terá competência para resistir à pressão por gastos que vem da base aliada, que disputa ocupação de espaço e cargo. Foram oito anos com gastos excessivos e não há sinalização de melhorias”, conclui.

O Congresso se reúne já nesta quarta-feira para discutir a peça orçamentária. A Comissão Mista de Orçamento deu início à votação do relatório com a nova previsão da arrecadação para o próximo ano, elaborado pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE). Com isso, o relator-geral decidirá ou não pela ampliação do mínimo, como defende a oposição.

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03/11/2010