Entrevistas

Sampaio: ação do PSDB na CPI é prova da isenção do partido

Brasília – O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) concedeu entrevista à TV PSDB em que falou sobre os trabalhos da CPI do Cachoeira. O parlamentar criticou a postura do PT, que busca direcionar as investigações, e afirmou que o PSDB se baseia em argumentos técnicos e na isenção para atuar na comissão.

Assista à entrevista.

 

Leia a transcrição da fala de Sampaio.

O foco da CPI
A CPI desde o início, como eu tenho uma experiência já desde 2005 com a CPI dos Correios e depois a do Mensalão, é muito importante que ela tenha foco. Se ela ficar extremamente abrangente, apesar de ela ser abrangente no sentido da investigação, ela tem que ter foco no sentido da metodologia de trabalho. O ideal para que tenhamos essa metodologia de trabalho é que nós tenhamos sub-relatorias. Eu propunha no início que nós tivéssemos quatro. Uma sub-relatoria para cuidar dos agentes políticos que foram referidos, uma para cuidar dos agentes públicos que foram referidos como órgãos e ministérios, uma para cuidar dos agentes privados que foram referidos, particularmente a empresa Delta, e uma quarta sub-relatoria, especificamente, para tratar do jogo, do bingo e outros jogos mais. Mas infelizmente não foi aceito isso pelo relator.

O direcionamento do PT
Ao invés de fazer uma investigação abrangente, o PT queria direcionar a investigação tão somente para o governador do PSDB e aos deputados do PSDB. Nosso caminho nesse momento foi mostrar ao país que nós estávamos ali com isenção. A maior prova da isenção que nós poderíamos dar é que quem convocou por primeiro os deputados do PSDB e o próprio governador Marconi Perillo, para que ele pudesse vir à frente da CPI dizer a sua versão sobre os fatos, não foi o PT, foi o PSDB.

Superando a blindagem
Me perguntam muito como que o PSDB está fazendo para evitar essa blindagem que o governo está tentando fazer em algumas pessoas ligadas ao governo. Eu digo que a nossa técnica é muito tranquila, ou seja, é a da lógica investigativa. Todas as vezes que a gente propõe um requerimento tem uma razão de ser para a investigação. Nunca para tentar pegar este ou aquele partido. Nunca para direcionar. Portanto, a forma de evitarmos a blindagem que alguns tentam é irmos com argumentos técnicos e sempre tendo respaldo da imprensa, porque todas as vezes que o PT ou o governo tentam direcionar a CPI evitando que ela vá para o caminho que ela tem que ir a imprensa vai estar junto, porque os nossos requerimentos vão estar respaldando uma investigação abrangente. Sem a preocupação se está atingindo A ou B.

Convocação dos governadores
Na verdade, a convocação dos governadores no primeiro momento, a do Agnelo e do Marconi, foram feitas pelo próprio PSDB em uma demonstração de que não tínhamos o menor receio da investigação. A postura do governador Marconi, não poderia ser outra, foi de prontamente colocar-se de peito aberto e dizer “estou à disposição da CPI”. Não vi isso de nenhum outro governador, particularmente do governador Agnelo, o que demonstra a postura adequada e correta do nosso governador do PSDB.

CPI e Delta
Particularmente com relação às empresas privadas, a que mais saltam os olhos é a questão da Delta, sem sombra de dúvidas. A partir de 2009 ela passou a ter assessoria do ex-ministro que está sendo julgado como mensaleiro, José Dirceu, e, por incrível que pareça de 2009 para cá os vencimentos dela, ou seja, os recursos, o que ela passou a receber do Governo Federal foi uma coisa astronomicamente inimaginável. Ela subiu de milhões para bilhões, de 2009 para cá. Isso por si só, já chama atenção. Depois o vinculo da Delta na região Centro Oeste com o Carlos Cachoeira, onde alguns tinham o Carlos Cachoeira como sócio oculto da Delta. Alguns diziam que até mesmo o senador Demostenes poderia ser um sócio oculto dessa empresa. Agora o que se percebe é que no âmbito nacional a Delta tinha ciência do que se passava aqui e, portanto, já convocamos o senhor Cavendish para depor na CPI, porque ele sabia claramente, as escutas deixam claro isso, de tudo que se passava aqui.

PT e os ataques à imprensa
Agora uma outra coisa que o Governo fez e que foi muito ruim, mas agora eles estão recuando porque perceberam que se deram mal, foi tentar direcionar completamente os trabalhos da CPI para atacar a mídia investigativa, o jornalismo investigativo. O PT querendo colocar uma nuvem de fumaça sobre o julgamento do mensalão estava tentando atrair jornalistas que cumpriram seu papel em uma investigação importante no país, para serem ouvidos na CPI, confundindo-os com a figura de criminoso. Eu fiz questão de tirar isso a limpo com ambos os delegados que foram ouvidos na CPI. Para ambos eu deixei muito claro, você ter uma fonte mesmo que essa fonte seja desqualificada, mesmo que essa fonte seja criminosa, se essa fonte revela algo de interesse público você não pode confundir jornalismo investigativo com conivência criminosa.


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28/04/2014