Serra herda rombo de R$ 800 milhões deixado por governo Dilma no Itamaraty
Brasília (DF) – O rombo promovido pelo governo da presidente afastada Dilma Rouseff no Ministério das Relações Exteriores já ultrapassou a cifra dos R$ 800 milhões. Levantamento feito pela equipe do novo ministro José Serra destacou os problemas no repasse de valores a consulados, no pagamento de auxílios a diplomatas e atrasos nos salários de pessoal contratado no exterior. Em alguns casos, o atraso é de quatro meses.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira (18), houve queda de mais de 40% no valor pago a alguns consulados de janeiro a abril deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015. Em conversa com o ministro do Planejamento, Romero Jucá, nesta segunda (16), o chanceler pediu prioridade na análise dos dados e afirmou que a situação é grave, “pré-falimentar”.
Na avaliação do senador Paulo Bauer (PSDB-SC), titular da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, o rombo gerado pelo governo do PT não se limita ao Itamaraty. “Não nos surpreende. Hoje, em vários órgãos da administração pública se encontram resultados preocupantes da gestão da presidente Dilma que precisam ser equacionados. Tenho certeza que os débitos serão quitados, mas é preciso paciência, pois tudo o que estamos encontrando confirma que o governo vinha sendo muito mal gerido e administrado”, explicou.
O parlamentar lamentou ainda o fato de o governo petista ter deixado de priorizar as relações exteriores para negociar apenas com seus aliados. “A política externa brasileira seguiu o viés da ideologia. O Brasil valorizava parcerias com países que tinham regimes políticos fechados e ideologicamente identificados como linhas de esquerda. Por isso, o país perdeu muitos espaços e oportunidades internacionalmente. Acredito que o ministro José Serra vai reverter isso em um prazo curto porque não lhe falta capacidade e conhecimento para realizar essa tarefa”, disse.
Órgãos internacionais
O levantamento abrange as dívidas que incidem sobre o orçamento do Itamaraty, excluindo todos os débitos do governo com organismos internacionais, a cargo do Planejamento. De acordo com a reportagem, em abril deste ano, a dívida com a Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo, havia inflado 75% para R$ 960 milhões, se tornando o segundo maior devedor da organização, atrás dos EUA.
Para o deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB-SP), apesar do cenário crítico, o novo chanceler possui uma forte visão política que ajudará no resgate de investimentos para o Brasil. “Os ministros que estão tomando posse hoje estão percebendo que há um hiato enorme entre a realidade e o discurso que o PT pregava. O ministro que assume hoje não fará uma política que privilegia partidos políticos, mas sim o Estado, o governo. O Brasil estará muito bem representado com a nova chancelaria”, ressaltou.